sábado, 23 de fevereiro de 2013

VÍDEO = Orquestra Românticos de Cuba


RECIFE-PE = BRASIL

 
Rua da Aurora
Parque 13 de Maio
Parque da Jaqueira 
Rua da Aurora
Rua da Aurora
Parque Dona Lindu
Parque 13 de Maio
Prefeitura do Recife
Parque das Esculturas
Parque 13 de Maio
Rua Setúbal
Ponte Buarque de Macêdo

 
 

PIADAS


"Um homem encontra seu amigo na rua e lhe diz:
- Cara você é igualzinho a minha sogra, a única diferença é o bigode!
O amigo fala:
- Mas eu não tenho bigode!?
- Mas minha sogra tem."

"Um cara foi a delegacia e disse:
- Eu vim dar queixa, pois a minha sogra sumiu.
O delegado disse:
- Há quanto tempo ela sumiu?
- Duas semanas - respondeu o genro.
- E só agora é que você me fala?
- É que eu custei a acreditar que eu tivesse tanta sorte!"

"Dois amigos estavam conversando:
- Rapaz ontem fui procurar a minha faca e quando achei estava enfiada na barriga da minha sogra!
- Caramba não acredito! - Disse o amigo.
- Quem não acredita sou eu, foi a primeira vez que eu consegui achar algo no lugar onde deixei!"

"Em um belo dia a sogra do Manuel bate na porta da casa dele com malas, o Manuel vai atender e fica surpreso com a visita de sua sogra com malas, vendo que seu genro fica surpreso em lhe ver com malas a sogra pergunta:
- O Manuel por que a surpresa em? a minha filha não te falou que eu viria passar as ferias com vocês?
- Sim! Ela falou sim, mas eu pensei que ela falou isso para passar o meu soluço.....


POESIA = Adelmar Tavares

ADELMAR TAVARES
RECIFE-PE  =  1888 / 1963



Mistério



Que voz foi essa em meu ouvido?
Alguém falou no meu ouvido...
Que doce e estranha vibração
toma-me, agora, o coração?...

- Ninguém falou no teu ouvido...
Esses rumores todos são,
mistério sem explicação,
coisas de velho coração...

Mas esse aroma revivido
ao meu olfato? A exalação
que estou sentindo, de um vestido,
que era o jasmim do seu vestido,
que me não mente o coração?

- Oh, nada sentes!... Nada... Não...
Esses perfumes todos são,
do teu espírito abatido,
mera, fugaz perturbação.
Coisas de velho coração...

Ah que bem disse um Poeta, um dia,
que o triste, humano coração,
quando com o tempo envelhecia,
era também casa vazia,
de assombração...





 

FRASES CÉLEBRES




“Quem é que quer flores depois de morto?”
J. D. SALINGER

“A democracia é um erro estatístico, porque na democracia
decide a maioria e a maioria é formada de imbecis.”
JORGE LUIS BORGES

“Viver é negócio muito perigoso.”
JOÃO GUIMARÃES ROSA

"Um pouco de desprezo economiza bastante ódio.”
JULES RENARD

“Ser valente é muito mais fácil do que ser homem.”
JULIO CORTÁZAR

“O ciúme é um latido que atrai cães.”
KARL KRAUS

“Humanista é uma pessoa com grande interesse pelos
seres humanos. Meu cachorro é humanista.”
KURT VONNEGUT

“Todas as famílias felizes se parecem; cada família

infeliz é infeliz à sua maneira.”
LIEV TOLSTÓI

“A solidão é a mãe da sabedoria.”
LAURENCE STERNE

“Estar sozinho é treinarmo-nos para a morte.”
LOUIS-FERDINAND CÉLINE

“Para os peixinhos do aquário, quem troca a água é Deus.”
MARIO QUINTANA

“Aquele que lê maus livros não leva vantagem
sobre aquele que não lê livro nenhum.”
MARK TWAIN

“Quanto  mais  sublimes forem as verdades mais prudência exige  o  seu
uso; senão, de um dia para o outro, transformam-se em lugares
 comuns e as pessoas nunca mais acreditam nelas.”
NIKOLAI GÓGOL

“Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria

das pessoas apenas existe.”
OSCAR WILDE

“A política talvez seja a única profissão para a qual
não se julga necessária uma preparação.”
ROBERT LOUIS STEVENSON

“Quando uma pessoa sofre um delírio, se chama loucura. Quando
muitas pessoas sofrem um delírio, isso se chama religião.”
ROBERT M. PIRSIG

“Não há nenhum pensamento importante que a burrice não
saiba usar, ela é móvel para todos os lados e
pode vestir todos os trajes da verdade.”
ROBERT MUSIL

“Nossa existência não é mais que um curto circuito
de luz entre duas eternidades de escuridão.”
VLADIMIR NABÓKOV

“A vida é uma história contada por um idiota, cheia
de som e de fúria, sem sentido algum.”
WILLIAM SHAKESPEARE


SACHA GUITRY


SACHA GUITRY
RÚSSIA  =  1885-1957


O Espelho



Esta aconteceu na China. Um chinês preparava-se para ir ao mercado, que fica a alguns dias de viagem. Está anoitecendo. O chinês despede-se da mulher.
— Até à volta, Mel de Crisântemo. Que quer que lhe traga do mercado?
— Eu queria um pente.

— Um pente? Está bem. Mas eu tenho que comprar tanta coisa, como é que me vou lembrar?

— Não precisará mais do que olhar para a lua. Veja: a lua é crescente. Pois bem, o pente que eu quero é exatamente da forma da lua crescente.
— Até à volta.

E o chinês parte. Chega ao mercado. Faz suas compras. Terminando-as, já bem tarde, lembra-se da promessa, mas não se lembra muito bem do objeto desejado pela mulher.

Encontra-se, nesse momento, junto de um mercador e lhe diz:

— Pois veja só: prometi levar um presente a minha mulher, mas não me lembro mais o que foi. Ah! sim, espera. Estou-me lembrando agora que ela me disse para olhar a lua.

— Olhe, é lua cheia.

(A lua, que estava no seu primeiro quarto no dia da partida do chinês, agora era cheia).

— Deve ser um objeto redondo.

E o chinês compra um espelho, paga-o, faz um pacote e põe-se a caminho para a volta.

Ao chegar em casa, diz-lhe a mulher:

— Bom dia, meu marido. Trouxe-me o que eu lhe pedi? 

— Naturalmente. Aqui está.

E o chinês dá o pacote à mulher, que apressadamente o abre. Essa mulher nunca tinha visto um espelho. E vendo nele um vulto de mulher, fica indignada:
— Meu marido, comprou outra mulher!

E Mel de Crisântemo chora todas as lágrimas de seu pequenino coração. Os seus olhos chamam a atenção de sua mãe.

— Ah! mamãe, mamãe — grita ela. — Venha ver. Meu marido trouxe para casa outra mulher.

A mãe toma o espelho, olha-o e diz à filha:

— Fica sossegada: é tão velha e tão feia!

 


Sacha Guitry nasceu em São Petersburgo, Rússia, no ano de 1885. Filho do famoso ator Lucien Guitry, dedicou-se desde muito cedo ao teatro, ora como autor, ora como ator ou diretor. Aos vinte e um anos de idade, revelou-se comediógrafo de méritos invulgares com a peça "Nono" — um dos grandes êxitos da época, e ainda hoje de vez em quando ressuscitada nos melhores teatros da Europa. Vivacidade, ironia, graça e originais dotes de psicólogo, eis algumas das características que marcam o teatro de Sacha Guitry, assim como os seus contos e crônicas. 

Disputou, durante muito tempo, com Tristan Bernard, o título de homem mais espirituoso da França. Se o primeiro dominou no período anterior à guerra de 1914, é indiscutível que cabe a Guitry o cetro no período que vai de 1920 a 1940. Homens como Bernard Shaw, Anatole France, Mirbeau e tantos outros mais, prodigalizaram louvores à obra deste escritor, não faltando mesmo quem o comparasse a Molière. Ressalvando o evidente exagero, e guardada a devida proporção, ainda assim é muito o que sobra para a glória de Sacha Guitry, espírito inquieto, buliçoso, que não contente com as experiências e glórias teatrais, tentou ainda o cinema, dirigindo ou representando filmes hoje incorporados ao que de melhor produziu o cinema francês.

A arte de Guitry se caracteriza por uma extrema espontaneidade e uma grande riqueza de invenção cômica. Pode-se, diz um crítico, criticá-lo pela solidez de construção de algumas de suas peças ou livros, mas jamais será censurado por ausência de vivacidade e de graça.


O texto acima foi extraído do livro “Maravilhas do Conto Francês”, Editora Cultrix – São Paulo, 1958, pág. 319. Seleção de Jean P. L. Bellade e organização de Diaulas Riedel.

 

MIA COUTO


M I A   C O U T O
ANTÓNIO EMÍLIO COUTO
MOÇAMBIQUE = 1955


Pobres Dos Nossos Ricos

 

 A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza. Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados.

Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.

Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro, ou que pensa que
tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.

A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos "ricos".

Aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros.

É produto de roubo e de negociatas.

Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados.

Necessitavam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por lança-los a eles próprios na cadeia.

Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem (...)


ZHU YIYONG = China, 1957
ZHU YIYONG = China, 1957
ZHU YIYONG = China, 1957
ZHU YIYONG =Chin, 1957
ZHU YIYONG = China, 1957
ZHU YIYONG = China, 1957
 ZHU YIYONG = China, 1957
 
 
 
 

VÍDEO = Mozart


POESIA = João Cabral de Melo Neto


JOÃO CABRAL DE MELO NETO
RECIFE-PE  =  1920 / 1999
 
A Mulher E A Casa

Tua sedução é menos
de mulher do que de casa:
pois vem de como é por dentro
ou por detrás da fachada.

Mesmo quando ela possui
tua plácida elegância,
esse teu reboco claro,
riso franco de varandas,

uma casa não é nunca
só para ser comtemplada;
melhor: somente por dentro
é possível contemplá-la.

Seduz pelo que é dentro,
ou será, quando se abra;
pelo que pode ser dentro
de suas paredes fechadas; 

pelo que dentro fizeram
com seus vazios, com o nada;
pelos espaços de dentro,
não pelo que dentro guarda;

pelos espaços de dentro:
seus recintos, suas áreas,
organizando-se dentro
em corredores e salas,

os quais sugerindo ao homem
estâncias aconchegadas,
paredes bem revestidas,
ou recessos bons de cavas,

exercem sobre esse homem
efeito igual ao que causas:
a vontade de corrê-la
por dentro, de visitá-la.





FRASES CÉLEBRES



Não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos.”
ANAÏS NIN

“A moral é a debilidade do cérebro.”
ARTHUR RIMBAUD

“O que realmente deixa um homem lisonjeado é o fato
de você o considerar digno de adulação.”
BERNARD SHAW

“Há livros escritos para evitar espaços vazios na estante.”
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

“Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos
gota a gota a verdade que nos amarga.”
DENIS DIDEROT

“Felicidade em pessoas inteligentes é a coisa mais rara que conheço.”
ERNEST HEMINGWAY

“Não me venham com conclusões! A única conclusão é morrer.”
FERNANDO PESSOA

“A mentira é o único privilégio do homem sobre todos os outros animais.”
FIÓDOR DOSTOIÉVSKI

“Ninguém pode ser sábio de estômago vazio.”
GEORGE ELIOT

“Em  tempos  de  embustes  universais,  dizer  a
verdade se torna um ato revolucionário.”
GEORGE ORWELL

“Algo deve mudar para que tudo continue como está.”
GIUSEPPE TOMASI DI LAMPEDUSA

“Tenha cuidado com a tristeza. É um vício.”
GUSTAVE FLAUBERT

“Não há mentira pior do que uma verdade mal
compreendida por aqueles que a ouvem.”
HENRY JAMES

“É permissível a cada um de nós morrer pela
sua fé, mas não matar por ela.”
HERMANN HESSE

“É  tão absurdo  dizer que  um  homem  não  pode  amar  a  mesma
mulher toda a vida, quanto dizer que um violinista precisa

de diversos violinos para tocar a mesma música.”
HONORÉ DE BALZAC

“Os criacionistas fazem com que uma teoria pareça uma coisa
que se inventou depois de beber a noite inteira.”
ISAAC ASIMOV

“A verdadeira função do homem é viver, não existir."
JACK LONDON

 






 

CONTO = Adriana Falcão


ADRIANA FALCÃO
RTIO DE JANEIRO-RJ  =  1960

 
O Doido Da Garrafa

 

Ele não era mais doido do que as outras pessoas do mundo, mas as outras pessoas do mundo insistiam em dizer que ele era doido.
Depois que se apaixonou por uma garrafa de plástico de se carregar na bicicleta e passou a andar sempre com ela pendurada na cintura, virou o Doido da Garrafa.
O Doido da Garrafa fazia passarinhos de papel como ninguém, mas era especialista mesmo em construir barquinhos com palitos. Batizava cada barco com um nome de mulher e, enquanto estava trabalhando nele, morria de amores pela dona imaginária do nome. Depois ia esquecendo uma por uma, todas elas, com exceção de Olívia, uma nau antiga que levou dezessete dias para ser construída.
Batucava muito bem e vivia inventando, de improviso, músicas especialmente compostas para toda e qualquer finalidade, nos mais variados gêneros. Uai aí aquela da mulher de blusa verde atravessando a rua apressada, e o Doido da Garrafa imediatamente compunha um samba, uma valsa, um rock, um rap, um blues, dependendo da mulher de blusa verde, do atravessando, da rua e do apressada. Geralmente ficava uma obra-prima.
Gostava muito de observar as pessoas na rua, do cheiro de café, de cantar e de ouvir música. Não gostava muito do fato de ter pernas, mas acabou se acostumando com elas. De cabelo ele gostava. Em compensação, tinha verdadeiro horror a multidão, bermudão, tubarão, ladrão, camburão, bajulação, afetação, dança de salão, falta de educação e à palavra bife.
Escrevia cartas para ninguém, umas em prosa, outras em poesia, como mero exercício de estilo.
Tinha mania de dar entrevistas para o vento e já sabia a resposta de qualquer pergunta que porventura alguém pudesse lhe fazer um dia.
Ajudava o dicionário a explicar as coisas inventando palavras necessárias, como dorinfinita.
Adorava álgebra, mas tinha particular antipatia por trigonometria, pois não encontrava nenhum motivo para se pegar pedaços de triângulos e fazer contas tão difíceis com eles.
Conhecia mitologia a fundo.
Tinha angústia matinal, uma depressão no meio da tarde que ele chamava de cinco horas, porque era a hora que ela aparecia, e uma insônia crônica a quem chamava carinhosamente de Proserpina.
Sentia uma paixão azul dentro do peito, desde criança, sempre que olhava o mar e orgulhava-se muito disso.
Acreditava no amor, mas tinha vergonha da frase.
Às vezes falava sozinho, Preferia tristeza à agonia.
Todas as noites, entre oito e dez e meia, era visto andando de um lado para o outro da rua, método que tinha inventado para acabar de vez com a preocupação de fazer a volta de repente, quando achava que já tinha andado o suficiente. (Preferia que ninguém percebesse que ele não tinha para onde ir.) Enquanto andava, repetia dentro da cabeça incessantemente a palavra ecumênico sem ter a menor idéia da razão pela qual fazia isso.
Durante o dia o Doido da Garrafa trabalhava numa multinacional, era sujeito bem visto, supervisor de departamento, ganhava um bom salário e gratificações que entregava para a mulher aplicar em fundos de investimento.
No fim do ano ia trocar de carro.
Era excelente chefe de família.
Não era mais doido do que as outras pessoas do mundo, mas sempre que ele passava as outras pessoas do mundo pensavam, lá vai o Doido da Garrafa, e assim se esqueciam das suas próprias garrafas um pouquinho.

POESIA = Pedro Ornellas


PEDRO ORNELLAS
PEDRO AUGUSTO ORNELLAS
MARIALVA-PR  =  1952

 
Trovas Humorísticas

  

A situação tá tão feia,
minha grana tão escassa,
que o vizinho churrasqueia
e eu passo o pão na fumaça!
       **********
Um pé de vento traquinas
vez em quando me tapeia,
ergue a saia das meninas
e enche meus olhos de areia!
       **********
No perigo, fico esperto;
quando é briga, mato ou morro!
Se não tiver morro perto
é para o mato que eu corro!
       **********
“Vá lá ver se chove ou não”
E o filho (também deitado):
“Ir lá, prá que? Chame o cão,
e vê se ele tá molhado!”
       **********
Chegou tarde, a vista torta
do boteco, o Zé Morais...
viu DUAS SOGRAS na porta
- e não bebeu nunca mais!
       **********
Fazendo pose de nobre
passa o rico num carrão...
Mas, carro levando pobre,
é ambulância ou camburão!
       **********
“PRESERVE O MEIO AMBIENTE”
E o luso, junto ao letreiro:
“Mas por que meio somente
e não o ambiente inteiro?”
       **********


 

GRANDES PINTORES

CHEN YMING = China, 1951
CHEN YMING = China, 1951
 
 
CHEN YMING = China, 1951
CHEN YMING = China, 1951
CHEN YMING = China, 1951
CHEN YMING = China, 1951
CHEN YMING = China, 1951

STANISLAW PONTE PRETA


STANISLAW PONTE PRETA
SÉRGIO PORTO
RIO DE JANEIRO-RJ  =  1923-1968





Diz que eram dois leões que fugiram do Jardim Zoológico. Na hora da fuga cada um tomou um rumo, para despistar os perseguidores. Um dos leões foi para as matas da Tijuca e outro foi para o centro da cidade. Procuraram os leões de todo jeito mas ninguém encontrou. Tinham sumido, que nem o leite. 

Vai daí, depois de uma semana, para surpresa geral, o leão que voltou foi justamente o que fugira para as matas da Tijuca. Voltou magro, faminto e alquebrado. Foi preciso pedir a um deputado do PTB que arranjasse vaga para ele no Jardim Zoológico outra vez, porque ninguém via vantagem em reintegrar um leão tão carcomido assim. E, como deputado do PTB arranja sempre colocação para quem não interessa colocar, o leão foi reconduzido à sua jaula. 

Passaram-se oito meses e ninguém mais se lembrava do leão que fugira para o centro da cidade quando, lá um dia, o bruto foi recapturado. Voltou para o Jardim Zoológico gordo, sadio, vendendo saúde. Apresentava aquele ar próspero do Augusto Frederico Schmidt que, para certas coisas, também é leão. 

Mal ficaram juntos de novo, o leão que fugira para as florestas da Tijuca disse pro coleguinha: — Puxa, rapaz, como é que você conseguiu ficar na cidade esse tempo todo e ainda voltar com essa saúde? Eu, que fugi para as matas da Tijuca, tive que pedir arreglo, porque quase não encontrava o que comer, como é então que você... vá, diz como foi. 

O outro leão então explicou: — Eu meti os peitos e fui me esconder numa repartição pública. Cada dia eu comia um funcionário e ninguém dava por falta dele. 

—  E por que voltou pra cá? Tinham acabado os funcionários? 

— Nada disso. O que não acaba no Brasil é funcionário público. É que eu cometi um erro gravíssimo. Comi o diretor, idem um chefe de seção, funcionários diversos, ninguém dava por falta. No dia em que eu comi o cara que servia o cafezinho... me apanharam. 

 

 

 

Texto extraído do livro “Primo Altamirando e Elas”, Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1961, pág. 153.

 

PIADAS CURTAS


 
O analista: – Diga-me, por que motivo você quer divorciar-se de seu esposo?
- Meu marido me trata como se eu fosse um cão!
- Ele a maltrata? Bate em você?
- Não, quer que eu seja fiel!
_______________

A mulher diz, apavorada, ao amante: – Meu marido está chegando!
- E agora, o que eu faço?
- Pule pela janela!
- Mas nós estamos no 13o. andar!
- Agora não é hora para superstições!
_______________

Em Londres, marido e mulher sentam-se no restaurante e o garçom pergunta:
– O que os senhores desejam?
- Eu quero um filé mal passado! – responde o homem.
- Senhor, tem certeza? E a vaca louca?
- Sei lá, pergunta aí pra ela…
_______________

Uma senhora vaidosa pergunta a um senhor sincero:

 – Que idade o senhor me dá?
- Bem… pelos cabelos, dou-lhe vinte anos, pelo olhar, dezenove, pela sua pele, dezoito, e pelo seu corpo, dezessete anos!
- Hummm, mas como o senhor é lisonjeador!
- Nada disso, sou sincero… Agora espere que vou fazer a soma.
_______________

Num dia de muito calor, o marido sai do banho pelado, chega pra esposa e fala: – Meu bem, está muito quente…o que você acha que os vizinhos vão dizer se eu for cortar a grama assim, completamente nu?
A mulher olha pra ele e responde:

– Provavelmente, que eu casei com você só por dinheiro…

 

CRÔNICA = Rubem Btaga


RUBEM  BRAGA
CACHOEIRO DO ITAPEMIRIM-ES  =  1913-1990

 
O PADEIRO
 

 

 LEVANTO CEDO, FAÇO MINHAS ABLUÇÕES, PONHO A CHALEIRA NO FOGO PARA FAZER CAFÉ E ABRO A PORTA DO APARTAMENTO - MAS NÃO ENCONTRO O PÃO COSTUMEIRO. NO MESMO INSTANTE ME LEMBRO DE TER LIDO ALGUMA COISA NOS JORNAIS DA VÉSPERA SOBRE A "GREVE DO PÃO DORMIDO". DE RESTO NÃO É BEM UMA GREVE, É UM LOCK-OUT, GREVE DOS PATRÕES, QUE SUSPENDERAM O TRABALHO NOTURNO; ACHAM QUE OBRIGANDO O POVO A TOMAR SEU CAFÉ DA MANHÃ COM PÃO DORMIDO CONSEGUIRÃO NÃO SEI BEM O QUE DO GOVERNO.

 ESTÁ BEM. TOMO O MEU CAFÉ COM PÃO DORMIDO, QUE NÃO É TÃO RUIM ASSIM. E ENQUANTO TOMO CAFÉ VOU ME LEMBRANDO DE UM HOMEM MODESTO QUE CONHECI ANTIGAMENTE. QUANDO VINHA DEIXAR O PÃO À PORTA DO APARTAMENTO ELE APERTAVA A CAMPAINHA, MAS, PARA NÃO INCOMODAR OS MORADORES, AVISAVA GRITANDO:

 - NÃO É NINGUÉM, É O PADEIRO!

 INTERROGUEI-O UMA VEZ: COMO TIVERA A IDÉIA DE GRITAR AQUILO?

 "ENTÃO VOCÊ NÃO É NINGUÉM?"

 ELE ABRIU UM SORRISO LARGO. EXPLICOU QUE APRENDERA AQUILO DE OUVIDO. MUITAS VEZES LHE ACONTECERA BATER A CAMPAINHA DE UMA CASA E SER ATENDIDO POR UMA EMPREGADA OU OUTRA PESSOA QUALQUER, E OUVIR UMA VOZ QUE VINHA LÁ DE DENTRO PERGUNTANDO QUEM ERA; E OUVIR A PESSOA QUE O ATENDERA DIZER PARA DENTRO: "NÃO É NINGUÉM, NÃO SENHORA, É O PADEIRO". ASSIM FICARA SABENDO QUE NÃO ERA NINGUÉM...

 ELE ME CONTOU ISSO SEM MÁGOA NENHUMA, E SE DESPEDIU AINDA SORRINDO. EU NÃO QUIS DETÊ-LO PARA EXPLICAR QUE ESTAVA FALANDO COM UM COLEGA, AINDA QUE MENOS IMPORTANTE. NAQUELE TEMPO EU TAMBÉM, COMO OS PADEIROS, FAZIA O TRABALHO NOTURNO. ERA PELA MADRUGADA QUE DEIXAVA A REDAÇÃO DE JORNAL, QUASE SEMPRE DEPOIS DE UMA PASSAGEM PELA OFICINA - E MUITAS VEZES SAÍA JÁ LEVANDO NA MÃO UM DOS PRIMEIROS EXEMPLARES RODADOS, O JORNAL AINDA QUENTINHO DA MÁQUINA, COMO PÃO SAÍDO DO FORNO.

 AH, EU ERA RAPAZ, EU ERA RAPAZ NAQUELE TEMPO! E ÀS VEZES ME JULGAVA IMPORTANTE PORQUE NO JORNAL QUE LEVAVA PARA CASA, ALÉM DE REPORTAGENS OU NOTAS QUE EU ESCREVERA SEM ASSINAR, IA UMA CRÔNICA OU ARTIGO COM O MEU NOME. O JORNAL E O PÃO ESTARIAM BEM CEDINHO NA PORTA DE CADA LAR; E DENTRO DO MEU CORAÇÃO EU RECEBI A LIÇÃO DE HUMILDADE DAQUELE HOMEM ENTRE TODOS ÚTIL E ENTRE TODOS ALEGRE; "NÃO É NINGUÉM, É O PADEIRO!"  E ASSOBIAVA PELAS ESCADAS.

 

POESIA = Castro Alves


CASTRO ALVES
CURRALINHO-BA  =  1847-1871 

 
Quando Eu Morrer
 

 

Quando eu morrer... não lancem meu cadáver
No fosso de um sombrio cemitério...
Odeio o mausoléu que espera o morto
Como o viajante desse hotel funéreo.

Corre nas veias negras desse mármore
Não sei que sangue vil de messalina,
A cova, num bocejo indiferente,
Abre ao primeiro a boca libertina.

Ei-la a nau do sepulcro — o cemitério...
Que povo estranho no porão profundo!
Emigrantes sombrios que se embarcam
Para as plagas sem fim do outro mundo.

Tem os fogos — errantes — por santelmo.
Tem por velame — os panos do sudário...
Por mastro — o vulto esguio do cipreste,
Por gaivotas — o mocho funerário...

Ali ninguém se firma a um braço amigo
Do inverno pelas lúgubres noitadas...
No tombadilho indiferentes chocam-se
E nas trevas esbarram-se as ossadas...

Como deve custar ao pobre morto
Ver as plagas da vida além perdidas,
Sem ver o branco fumo de seus lares
Levantar-se por entre as avenidas!...

Oh! perguntai aos frios esqueletos
Por que não têm o coração no peito...
E um deles vos dirá "Deixei-o há pouco
De minha amante no lascivo leito."

Outro: "Dei-o a meu pai". Outro: "Esqueci-o
Nas inocentes mãos de meu filhinho"...
...Meus amigos! Notai... bem como um pássaro
O coração do morto volta ao ninho!...