MANUEL BANDEIRA
RECIFE-PE =
1886-1968
A Morte Absoluta
Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
Morrer sem deixar o triste despojo
da carne,
a exangue máscara de cera,
cercada de flores,
que apodrecerão – felizes! – num dia,
banhada de lágrimas
nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.
a exangue máscara de cera,
cercada de flores,
que apodrecerão – felizes! – num dia,
banhada de lágrimas
nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.
Morrer sem deixar porventura uma
alma errante…
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?
Morrer sem deixar um sulco, um
risco, uma sombra,
a lembrança de uma sombra
em nenhum coração, em nenhum pensamento,
em nenhuma epiderme.
a lembrança de uma sombra
em nenhum coração, em nenhum pensamento,
em nenhuma epiderme.
Morrer tão completamente
que um dia ao lerem o teu nome num papel
perguntem: “Quem foi?…”
que um dia ao lerem o teu nome num papel
perguntem: “Quem foi?…”
Morrer mais completamente ainda,
- sem deixar sequer esse nome.
- sem deixar sequer esse nome.
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