sexta-feira, 9 de novembro de 2012

BÁRBARA DE ALENCAR

A primeira mulher heroína do Brasil foi Dona Bárbara de Alencar, nascida a 2 de fevereiro de 1760, em Cabrobó-PE.
A heroína cratense da Revolução de 1817 era filha de Joaquim Pereira de Alencar e de Teodósia Rodrigues da Conceição.
Casou-se com o negociante português José Gonçalves dos Santos. A 17 de setembro de 1789 deu a luz a Tristão Gonçalves Pereira de Alencar, que na Confederação do Equador mudou seu nome para Tristão Gonçalves de Alencar Araripe.
A 16 de outubro de 1794, deu a luz a José Martiniano de Alencar, falecido em 15 de março de 1860, como senador, o qual a 29 de abril de 1817, chegou ao Crato-CE, encarregado pelo Governador Revolucionário de Pernambuco, de libertar o Ceará contra a dominação portuguesa. No dia 3 de maio, de batina e roquete, o Diácono José Martiniano de Alencar, subiu ao púlpito na Matriz do Crato e proclamou nossa Independência e República.
Em consequência, Dona Bárbara de Alencar fugiu do Crato para Paraíba, mas foi presa no Rio do Peixe, pelos seguidores do Governador Sampaio.
Qualificada entre os presos "INFAMES CABEÇAS", foi enviada para Icó-CE, depois para Fortaleza, onde, posteriormente, juntamente com outros presos, foi para Recife-PE, de lá, finalmente foram recolhidos às prisões da Bahia, onde foram cruelmente tratados.
Dona Bárbara foi libertada em 17 de novembro de 1820, vindo a falecer em sua fazenda, Touro-PI, a 28 de agosto de 1823.
Fantástica odisséia encerra a vida dessa mulher extraordinária, que sendo mãe, soube ser heroína, sendo mulher, soube vencer os preconceitos da época.
Sua vida foi marcada pelo exemplo de fé e de patriotismo em todas as gerações. Sua descência projetou-lhe, pela ilustração dos filhos e netos, a grandiosidade.
BÁRBARA DE ALENCAR projetou seu vulto, sua vida e sua obra, para muito além dos estreitos limites do Crato e do Ceará. Foi figura do Nordeste de relevância nacional.

Uma Grande Mulher
Marcelo Alcoforado // Publicitário
marceloalcoforado@surfix.com.br
 
Há séculos Pernambuco é, como se ouve na primeira estrofe do seu hino, uma Nova Roma de bravos guerreiros. Há que se fazer, contudo, justiça às mulheres, já que nosso estado tem sido defendido também por bravas guerreiras. Ontem brandindo armas, hoje lutando não só na administração do lar, mas igualmente nas fábricas, no comércio, nos serviços, nas profissões liberais, nas artes, nas ciências, na polícia, na política e, enfim, em todos os campos, contribuindo para tornar esta terra mais auspiciosa.
Uma dessas mulheres especiais, considerável individualmente como a primeira heroína do Brasil, nasceu em 1760, em Exu, a terra de Luiz Gonzaga, cresceu, casou-se e teve três filhos, todos dedicados a libertar o Brasil do jugo português. Não se suponha, no entanto, que a vida de Bárbara Alencar foi cingida a criar os rebentos. Ela se tornou importante protagonista do movimento que pretendia proclamar a independência brasileira em 1817, cinco anos antes do Grito do Ipiranga. E por isso, pelo anseio libertário, foi presa. A primeira presa política do Brasil.
Naqueles tempos, os ventos das ideias que nortearam as revoluções francesa e norte-americana sopravam forte na planície das mentes esclarecidas, lembrando ser fundamental para Pernambuco recuperar a importância de antes, porém sob um regime moderno, e não a troco do sacrifício dos seus ideais de liberdade. Esses ideais, claro, só poderiam prosperar em um país independente.
Sabe você quem era o principal revolucionário da capitania? O seminarista José Martiniano de Alencar, filho de Bárbara Alencar, que aderira ao movimento, não só cedendo a sua casa para os conciliábulos, mas impregnando-se das ideias que norteavam a causa.
Rica, firme, decidida, dotada de notórios pendores políticos, Bárbara Alencar era, ademais, uma mulher transbordante de coragem, mais ainda em uma época de mulheres submissas e ignorantes, limitadas aos assuntos domésticos. Era um tempo em que atos de conspiração costumavam ser punidos com a morte.
O sonho da Revolução Republicana de 1817, todavia, durou somente 75 dias, em Pernambuco, e oito dias no Ceará, após o que se transformou em pesadelo. Mãe, filhos, tios, primos, foram presos, agrilhoados e levados ao Ceará, depois a Pernambuco e, em seguida, à Bahia, onde permaneceram confinados até 1820. Foram três longos anos em que, qualificada entre os presos rotulados de infames cabeças, nossa heroína foi encarcerada sob condições desumanas, em rigoroso isolamento, sem poder sequer ver os filhos.
Bárbara Alencar - avó do grande romancista José de Alencar e ancestral do governador Eduardo Campos - faleceu um ano após Dom Pedro haver declarado a Independência brasileira. Legou-nos o exemplo de uma mulher que se marcou a vida pelo enfrentamento dos preconceitos, pelo patriotismo, pela decência, pelo destemor, qualidades que a fazem depositária deste justo reconhecimento, aliás, especialmente apropriado em março, mês do início da Revolução de 1817 e do Dia Internacional da Mulher.
Pensando bem, não há como não dizer: essa mulher foi Bárbara...
 
Fonte: Diario de Pernambuco - 27/2/2010
 
 

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