sábado, 10 de novembro de 2012

POESIA = Augusto Dos Anjos


AUGUSTO  DOS  ANJOS
CRUZ DO ESPÍRITO SANTO-PB  =  1884-1914




Último Credo



 


Como ama o homem adúltero o adultério
E o ébrio a garrafa tóxica de rum,
Amo o coveiro - este ladrão comum
Que arrasta a gente para o cemitério!

 
É o trancendentalíssimo mistério!
É o nous, é o pneuma, é o ego sum qui sum,
É a morte, é esse danado número Um
Que matou Cristo e que matou Tibério!

 
Creio, como o filósofo mais crente,
Na generalidade decrescente
Com que a substância cósmica evolui ...

 
Creio, perante a evolução imensa,
Que o homem universal de amanhã vença
O homem particular que eu ontem fui!

 

 

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