sexta-feira, 31 de agosto de 2012

RECIFE ANTIGO

Boa Viagem
Bonde da Torre
Bairro do Recife
Boa Viagem em 1923
Bonde a Burros


VARGAS VILA


"Toda a obra de arte é uma personalidade. O artista vive
nela, depois dela ter vivido longo tempo dentro dele. "

 
"É privilégio dos grandes artistas políticos poderem erguer à
altura do drama as mais sórdidas farsas do seu ofício."

 

VARGAS VILA



PIADAS


Um homem foi ao médico dizendo que estava com um problema de memória.
Sabe Doutor, às vezes uma pessoa acaba de me contar algo e logo esqueço.
E desde quando o senhor sente isso?
Isso o que?

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Em plena guerra do Vietnã, o sargento americano recebe um telex informando.
A morte da mãe de um dos seus soldados.
O oficial não sabia como dar a noticia ao seu valoroso combatente. Depois de pensar um pouco, reuniu todos e ordenou ao pelotão:
- Quem tem mãe viva de um passo a frente.
Ao ver o tal soldado avançar, o sargento disse sutilmente:
- Você não. Só quem tem mãe viva!

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- Garçom tá faltando uma garra neste caranguejo.
- Meu senhor, lá no fundo do mar, no curso da eterna luta pela sobrevivência, sucede que, ás vezes dois caranguejos lutam pela mesma fêmea e o resultado ‚ que o perdedor pode ficar sem uma de suas pinças.
- Ah é? Então me traz o que ganhou a briga...

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O mexicano foi entrando, com chapelão e esporas, pela igreja adentro.
As velhinhas todas iam chamando sua atenção:
- El sombrero, senhor!
- El sombrero, senhor!
Chegando lá perto do altar, o mexicano subiu os degraus, tirou o chapéu e disse:
- Cumplaciendo a inumerables peticiones, voy a cantar el bolero de mi autoria y Panchito, El Sombrero.





DOSTOIÉVSKI

“Existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos amigos. Há outras que não revela mesmo aos amigos, mas apenas a si próprio, e assim mesmo em segredo. Mas também há, finalmente, coisas que o homem tem medo de desvendar até a si próprio…”


DOSTOIÉVSKI

POESIA = Manuel Bandeira

MANUEL BANDEIRA
RECIFE-PE = 1886 / 1968



Auto-Retrato




Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Falhado (engoliu um dia
Um piano, mas o teclado
Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Mal tendo a inquietação de espírito
Que vem do sobrenatural,
E em matéria de profissão
Um tísico profissional.



CONTO = Anton Tchekov

ANTON TCHECOV
RÚSSIA = 1860-1904



A Linguaruda



Natália Mikailovna, senhora garbosa e ainda jovem, chegou pelo trem de Jalta, onde passara o verão. Depois, durante o jantar falou sem parar, descrevendo as belezas daquela região. O marido, feliz com o retorno da esposa, a observava com os olhos cheios de ternura, ante a excitação dela, limitando-se apenas a fazer algumas perguntas esporádicas.
- Ouvi dizer que a vida lá está muito cara... - observou ele.
- Cara? Como vou dizer? Não é tão cara quanto dizem. Eu tinha com a Júlia Petrovna, um bom apartamento, bem confortável, por vinte rublos por dia. Precisa saber se controlar. Se vai se fazer um passeio aos montes, por exemplo ao Al-Ptri, se gasta mais... O cavalo, o guia... Tudo isso encarece, e muito... Mas, querido, que belos montes! Tu não imaginas como são altos! Mil vezes mais altos que a igreja... E em cima, neve! Nada mais do que neve... Embaixo, pedras, apenas... Ah, que beleza...
- A respeito disso, durante a sua ausência, fiquei preocupado quando li a respeito das crueldades praticadas pelos guias... Não é verdade que são perversos?
Natália fez uma careta e balançou a cabeça, negativamente.
- São como todos os tártaros - respondeu ela. - Além disso, só os vi de longe, uma ou duas vezes... Falaram a esse respeito, mas não dei muita importância... Sempre senti aversão aos circassianos, aos gregos, aos mouros...
- Me parece que são uns espertalhões...
- Pode ser... Mas tem algumas sem vergonhas que...
Seu semblante se transtornou e ela chegou a se levantar, como se visse o diabo.
Encarou o marido com os olhos dilatados:
- Vasitchka! Tu não imaginas quantas mulheres levianas há no mundo! Que imoralidade! E não de classe baixa ou mesmo média, não! Aristocratas da alta!... Eu não acreditava no que via! Nunca mais vou esquecer! Só quem não tem princípios pode chegar a esse ponto... E nem me atrevo a contar! Veja só a Júlia Petrovna, minha companheira de viagem... Tem um marido tão bom, dois filhos, considerada da melhor sociedade... Quer passar por uma santa, mas sabes o que fazia? Tu não vais acreditar! Mas que fique entre nós... Me dás a palavra de honra que não dirás a ninguém!?
- Ora, que idéia! Vou contar para quem?
- Bom, vou confiar em ti!Recostou-se na cadeira, aguçou o olhar e começou:
- Imagine! Um dia, Júlia Petrovna saiu a cavalo para um passeio pelos montes. Era um dia lindo e ela saiu na frente com o seu guia. Eu ia atrás. Cerca de dois ou três quilômetros do vilarejo, ela soltou um grito, levando as mãos ao peito. Se o tártaro não a agarrasse ela teria caído e poderia ter se machucado com gravidade... Corri para junto dela com o meu guia, para ver o que tinha acontecido e ela me respondeu que se sentia mal, que parecia que ia morrer. Imagine só! Assustada eu tentei convencê-la a voltar. Ela choramingava que não podia, que estava para morrer. Me disse até que se desse um passo a mais iria morrer! Choramingava dizendo que sentia vertigens. Então pediu a mim e a Suleiman que fôssemos apanhar um remédio que ela tinha no nosso apartamento...
- Espera aí, querida - interrompeu o marido. - Há pouco me dizias que não tinha visto os tártaros senão ao longe e me vens com esse Saleiman que a acompanhava?
- Não me venha com asneiras! - rompeu a esposa em reclamar. - Abomino essas suspeitas! Não suporto isso! É um absurdo!
- Não estou suspeitando de nada, mas porque mentir? Tu passeavas com os guias tártaros... porque esconder?
- Quando queres, és impossível! - protestou ela indignada. - Estás com ciúmes de Sulieman! É isso! Mas queria ver como irias ao monte sem guia! Ah! Queria ver mesmo! Se não conheces aquela região e seus costumes e dificuldades, faria melhor se calasse! Escute e aprenda! Lá não se pode dar um passo sem guia.
- É natural!
- Me faze o favor de deixar esses sorrisinhos bobos! Não sou uma Júlia qualquer para agüentá-los. Não quero passar por santa, mas não me permitiria certas coisas... Será que não vês que Mametkul passava o tempo todo com a Júlia? Comigo não! Quando dava onze horas eu já dizia: "Suleiman, estás liberado!" e o meu tartarosinho ia-se embora... Eu o tratava com muita serenidade e assim mesmo, às vezes vinha falar de dinheiro e gastos extras, mas logo eu me eximia do que não estava combinado. Han! Han! Sabes, Vasitchka? Ele tinha uns olhos negros como o carvão, uma carinha morena, uma graciosa cara de tártaro... Han! Han! Mas eu o tratava com muita firmeza!
- Imagino que sim... - murmurou o esposo, entretido com as bolinhas de pão.
- Estás maluco, Vasitchka? Completamente louco? Já sei o que estás pensando! Conheço a tua cabeça! Mas te asseguro que quando estávamos passeando não se conversava nunca! Íamos, por exemplo, nos montes ou na cascata de Ucha-Su e eu ordenava ao Suleiman que ficasse atrás. Entende? E o pobrezinho tinha que ir atrás mesmo! Não o deixava esquecer-se que ele era um tártaro e eu a esposa de um conselheiro de Estado! Han! Han!
Ela deu uma gargalhada meio forçada e fez uma cara de assustada logo em seguida:
- Mas a Júlia! Hum! Esta Júlia! A gente pode fazer uma travessura, distrair-se! Porque não? Precisamos aliviar um pouco a tensão e a frivolidade da vida mundana, penso eu! Temos que nos divertir, mas nos conter dos excessos, para poder exigir que nos respeitem. Fazer escândalos? Ah! Isso não! Mas imagina que ela estava com ciúmes de mim! Que tolice! Uma vez Mametkul chegou e ela não estava. Então o fiz entrar e conversamos um tempo. São muito interessantes esses tártaros... A tarde passou sem percebermos. De repente chega Júlia, como uma tempestade! Brigou comigo e com Mametkul, armando uma cena horrível! Isto, Vasitchka, eu não aceito...
Com um "hum" muito eloqüente, ela franze as sobrancelhas e girou pela sala com passos firmes.
- Então, pelo que vejo, te distraíste bem! - disse o marido sorrindo.
- Que estúpido! Já sei tudo o que estás pensando! Tens sempre idéias maliciosas! Mas daqui para frente, já sei que não te contarei nada! Nada mesmo!
E calou-se, com uma cara de arrependida.








GRANDES PINTORES

ERNEST MEISSONIER = França, 1815-1891
WILLIAM BOUGUEREAU = França, 1825-1905
WILLIAM BOUGUEREAU= França, 1825-1891
WILLIAM BOUGUEREAU = França, 1825-1891
WILLIAM BOUGUEREAU  =  França, 1825-1891
WILLIAM BOUGUEREAU = França, 1825-1891
WILLIAM BOUGUEREAU = França, 1825-1891
WILLIAM BOUGUEREAU = França, 1825-1891

sábado, 25 de agosto de 2012

ANDRÉ RIEU = Valsa do Imperador

BIOGRAFIA = Machado de Assis



Machado de Assis (1839-1908) foi um escritor brasileiro. Um dos nomes mais importantes da nossa literatura. Primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Aos 16 anos publicou seu primeiro poema, "Ela". Trabalhou na Imprensa Nacional como aprendiz de tipógrafo. Autodidata trabalhou como revisor numa editora, entrando em contato com vários intelectuais. Passou a escrever para jornais e revistas do Rio de janeiro. Iniciou sua carreira de funcionário público, trabalhou no Diário Oficial, no Ministério da Agricultura e no Ministério da Viação. Amparado pela carreira burocrática entregou-se à vocação literária. Foi um autor completo. Escreveu romances, contos, poesias, peças de teatro, inúmeras críticas, crônicas e correspondências.

Machado de Assis (1839-1908) nasceu no dia 21 de junho, numa chácara no morro do Livramento no Rio de Janeiro. Filho de José Francisco Machado de Assis, um mulato, pintor de paredes. Sua mãe Leopoldina Machado de Assis era lavadeira, de origem portuguesa da Ilha dos Açores. Perdeu a mãe ainda pequeno e o pai casa-se pela segunda vez. Para ajudar nas despesas da casa trabalhou vendendo doces. Frequentou por pouco tempo uma escola pública.

Logo cedo mostrou seus pendores intelectuais, aprendeu francês com uma amiga. Em 1851 morre seu pai. Em 1855 frequentava a tipografia e livraria de Francisco de Paula Brito, onde se publicava a revista Marmota Fluminense, em cujo número de 21 de janeiro sai seu poema "Ela". Em 1856 entra na Tipografia Nacional, como aprendiz de tipógrafo, onde conhece o escritor Manuel Antônio de Almeida, de quem se torna amigo. Aí permaneceu até 1858.

Machado de Assis retorna, em 1858 para a livraria de Francisco de Paula Brito, onde se torna revisor. Sem abandonar a atividade literária, passa a frequentar o mundo boêmio dos intelectuais do Rio de Janeiro. Logo passa a colaborar para vários jornais e revista, entre eles Revista Ilustrada, Gazeta de Notícias, e o Jornal do Comércio. Em 1864 publica seu primeiro livro de poemas "Crisálidas".

Em 1867 inicia sua carreira de funcionário público. Por indicação do jornalista e político Quintino Bocaiuva, torna-se redator do Diário Oficial, onde logo foi promovido a assistente de diretor. Em 1869 casa-se com Carolina Augusta Xavier de Novais, que o estimulou na carreira literária. Em 1872 publica seu primeiro romance "Ressurreição". Em 1881 publica o romance "Memórias póstumas de Brás Cubas", que marca a fase realista de sua obra.

Machado de Assis teve uma carreira meteórica, como funcionário público. Em 1873 foi nomeado primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura. Em 1880 já era oficial de gabinete. Em 1888 foi nomeado Oficial da Ordem da Rosa, por decreto imperial, pelos serviços prestados ao Estado. Em 1892 assume a direção Geral do Ministério da Viação.

Machado de Assis foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, em 1896. Aclamado presidente , por unanimidade, logo na primeira reunião, permaneceu no cargo até 1908. Ocupou a cadeira de número 23, cujo patrono anterior era José de Alencar. Em sua homenagem, a academia é também chamada de "Casa de Machado de Assis".

Em outubro de 1904 morreu sua companheira por 35 anos, Carolina Augusta Xavier Novais, que além de revisora de suas obras era também sua enfermeira pois Machado de Assis tinha sua saúde abalada pela epilepsia. Após sua morte o romancista raramente saía de casa. Em sua homenagem dedicou um de seus mais famosos poemas "A Carolina".

Machado de Assis morreu no dia 29 de setembro de 1908. Foi enterrado no cemitério de São João Batista, na mesma cidade onde nasceu e viveu toda sua vida. Representando a Academia Brasileira de Letras, o jurista Rui Barbosa fez um discurso em homenagem ao escritor.



PRINCIPAIS OBRAS:

Poesias: Crisálidas (1864), Falenas (1870), Poesias Completas (1901). Contos: Contos Fluminenses (1870), Histórias da Meia-Noite (1873), Papéis Avulsos (1882), Histórias sem Data (1884), Várias Histórias (1896). Romance: Ressurreição (1872), A Mão e a Luva (1874), Helena (1876), Iaiá Garcia (1878), Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904), Memorial de Aires (1908). Teatro: Desencantos (1861), Quase Ministro (1864), Os Deuses de Casaca (1866), Tu, Só, Tu, Puro Amor (1881), Queda que as Mulheres Têm para os Tolos (1861), Páginas Recolhidas (1899), Relíquias da Casa Velha (1906).



CAPITAIS DO NORDESTE


NATAL-RN
NATAL-RN
NATAL-RN
NATAL-RN
NATAL-RN

CRÔNICA - Urariano Mota

URARIANO MOTA

Para Onde Foi O Bar Savoy?



Na Avenida Guararapes, 147, onde sempre se encontrou o Savoy, agora reside a Farmácia dos Pobres. Estivéssemos a brincar, diríamos que analgésicos e antibióticos agora substituem o chope, a cerveja, as coxinhas quentes e saborosas que matavam de emoção os suburbanos. Mas não dá para brincar, fazer broma, tão leviano, com os lugares por onde andou o coração da gente. Por isso, continuo, e falo somente a verdade, nada mais que a verdade. Por isso digo, e assim foi que perguntei ao vendedor, no balcão: - Para onde foi o Bar Savoy, você sabe?

Ele não sabe, nem imagina, que esta prosaica interrogação apenas esconde o que temos vergonha de perguntar, “amigo, para onde foi uma parte do Recife que amei?”. Por isso me aponta o gerente, que por cima dos ombros mal responde: - Está ali ao lado... pela entrada da edifício.

O “ali” é a sobreloja do Edifício Sigismundo Cabral. E o que era Savoy se tornou simplesmente O Canto do Poeta. Por favor, isto não é graça. É desse modo irônico que o mundo anda. Esse recanto, que já existia como uma opção aos freqüentadores do bar lá embaixo, agora é sua última morada. Pergunto a um empregado: - O Savoy agora é isto!? Para onde foram os garçons?

O empregado me sorri, como se pedisse desculpa. Olho em volta e não vejo: com fotos de Edmond Dansot, o longo e imortal poema de Carlos Pena Filho, Guia Prático da Cidade do Recife, se espalhava pelas paredes:



“No ponto onde o mar se extingue / e as areias se levantam / cavaram seus alicerces / na surda sombra da terra / e levantaram seus muros / do frio sono das pedras. / Depois armaram seus flancos: / trinta bandeiras azuis / plantadas no litoral. / Hoje, serena, flutua, / metade roubada ao mar, / metade à imaginação, / pois é do sonho dos homens / que uma cidade se inventa...”



E por não mais encontrar nas paredes o “Mas como a gente não pode / fazer o que tem vontade, / o jeito é mudar a vida / num diabólico festim”, pergunto: - Onde estão os versos de Carlos Pena? Também acabaram?

A resposta que ouço é a do português, dono do velho bar, que vem chegando: - O nome Savoy também está à venda. Se quiser comprar ..

Ele faz graça, deboche.

- Um lugar como o Savoy não é só propriedade privada, eu lhe respondo. E continuo: - Este lugar faz parte da memória da gente... (Vejo a sua cara de pedra, como as paredes sem versos.)

E por não ter dinheiro para expulsar a farmácia e lá repor o Savoy, e por não ter o poder público, que não consegue deter a degradação do centro do Recife, eu lhe digo:

- Saiba o senhor que existe a memória das pessoas. Saiba que a memória não pode ser privatizada! Digo isto, e me dirijo ao empregado, às mesas vazias, e ameaço começar um discurso, inútil, quixotesco, louco, maluco. O empregado, entre endossar minhas palavras e o desemprego, sorri, enigmaticamente.

- Poesia, romantismo... o português responde. – Poesia, romantismo... e faz um gesto com os dedos, eloqüente, que diz: - E dinheiro que é bom, nada? Poesia, romantismo....

Desço pelas escadas, para respirar na avenida. Desço, desço, poesia, romantismo....

Há um quadro de Van Gogh, “Terraço do Café na Place du Fórum”. Nele há um azul escuro, com pontos brancos de estrelas, como um fundo à luz forte, amarela, que sai de um Café com mesas na calçada. O quadro é belo pelo contraste, pelo forte amarelo na noite, como um sonho. Como um Café, como um Bar ideal. Nesse bar do quadro, algum dia ali reencontraremos os amigos. E lá, iluminados pelo amarelo de Van Gogh, aos versos de Carlos Pena, acrescentaremos: Somente na memória a cidade que amamos se alevanta.









PIADAS




Um senhor idoso de mais ou menos uns oitenta anos foi ao médico para fazer um exame pré nupcial.
- Doutor eu vou casar o mês que vem e gostaria de saber se está tudo bem comigo. Disse o idoso.
- Exame pré nupcial?... Muito Bem!... Posso saber qual é a idade da noiva? Perguntou o médico.
- Vinte e cinco anos doutor. É uma boa moça. Respondeu o ancião.
- Vinte e cinco! Mas... Mas... Cá entre nós vovô: o senhor não acha isso muito arriscado não? Perguntou o preocupado médico.
- Pois é doutor! Eu até que acho, mas, doutor, a gente tem que ariscar na vida... Se acontecer algum problema com a minha futura esposa à irmã dela de vinte um ano disse que me achou simpático também.


- Doutor, a minha visão está meio fraca.
- Eu logo percebi. Disse o doutor.
- Como assim o senhor já percebeu? O senhor nem me examinou ainda.
- Eu percebi quando eu o chamei e, logo em seguida, o senhor entrou no quarto da faxineira.


O casal está prontinho para sair e curtir a linda noite de verão e fazer uma balada legal. A esposa se arrumou toda, ajeitou a casa, tudo no lugar, gata e cachorro pra fora e enfim estava tudo certo.
O taxista chegou. Quando o casal foi sair de casa para entrar no táxi a gatinha, mais rápido que um raio, entrou novamente em casa. Como, na volta, eles não queriam ver a casa completamente destruída, o marido foi atrás da gatinha e a esposa ficou esperando no carro com o taxista.
A mulher, por questões de segurança, não quis demonstrar que o casal estava deixando a casa vazia e deu uma desculpa para o taxista:
- Moço, só um instante! O meu marido foi lá dizer boa noite para a minha mãe e logo ele estará de volta.
Poucos minutos depois o marido, todo ofegante, entrou no táxi e comentou com a esposa:
- Caramba! Você acredita que a danada estava embaixo da cama. Ela não queria sair de lá de jeito nenhum. Eu tive que dar umas vassouradas nela até ela sair...


Uma família foi a um restaurante onde todos iriam participar da comemoração das bodas de ouro, dos cinqüenta anos de casamento, dos grandes patriarcas da família.
Todos ficaram muito impressionados com o tratamento com que o vovô, um homem muito idoso e gentil, tinha para com a sua companheira de tantos e tantos anos.
Todas as vezes que o patriarca ia se dirigir à sua esposa ele sempre a chamava carinhosamente de:
- Minha rainha, minha Princesa, meu anjinho, meu doce e outras formas carinhosas de tratamento.
Um das netas, ao ver aquela impressionante forma de tratamento não se conteve e perguntou ao patriarca:
- Vovô! Que lindo o jeito que o senhor trata a vovó. Diga-me qual é o segredo desse amor tão grande?
- Filha! Não fale pra ninguém, mas eu tenho uma dificuldade enorme de lembrar o nome da sua vó.



CRÔNICA = Paulo Mendes Campos

PAULO MENDES CAMPOS
BELO HORIZONTE-MG = 1922 - 1991



Mendigo




Eu estava diante duma banca de jornais na Avenida, quando a mão do mendigo se estendeu. Dei-lhe uma nota tão suja e tão amassada quanto ele. Guardou-a no bolso, agradeceu com um seco obrigado e começou a ler as manchetes dos vespertinos. Depois me disse:

- Não acredito um pingo em jornalistas. São muito mentirosos. Mas tá certo: mentem para ganhar a vida. O importante é o homem ganhar a vida, o resto é besteira.

Calou-se e continuou a ler notícias eleitorais:

- O Brasil ainda não teve um governo que prestasse. Nem rei, nem presidente. Tudo uma cambada só.

Reconheceu algumas qualidades nessa ou naquela figura (aliás, com invulgar pertinência para um mendigo), mas isso, a seu ver, não queria dizer nada:

- O problema é o fundo da coisa: o caso é que o homem não presta. Ora, se o homem não presta, todos os futuros presidentes também serão ruínas. A natureza humana é que é de barro ordinário. Meu pai, por exemplo, foi um homem bastante bom. Mas não deu certo ser bom durante muito tempo: então ele virou ruim.

Suspeitando de que eu não estivesse convencido da sua teoria, passou a demonstrar para mim que também ele era um sujeito ordinário como os outros:

- O senhor não vê? Estou aqui pedindo esmola, quando poderia estar trabalhando. Eu não tenho defeito físico nenhum e até que não posso me queixar da saúde.

Tirei do bolso uma nota de cinqüenta e lhe ofereci pela sua franqueza.

- Muito obrigado, moço, mas não vá pensar que eu vou tirar o senhor da minha teoria. Vai me desculpar, mas o senhor também no fundo é igualzinho aos outros. Aliás, quer saber de uma coisa? Houve um homem de fato bom, cem por cento bom. Chamava-se Jesus Cristo. O senhor viu o que fizeram com ele?!





POESIA = Juan Ramon Jiménez


JUAN RAMÓN JIMÉNEZ
ESPANHA – 1881 / 1958



A Viagem Definitiva





Ir-me-ei embora. E ficarão os pássaros
Cantando.
E ficará o meu jardim com sua árvore verde
E o seu poço branco.

Todas as tardes o céu será azul e plácido,
E tocarão, como esta tarde estão tocando,
Os sinos do campanário.

Morrerão os que me amaram
E a aldeia se renovará todos os anos.
E longe do bulício distinto, surdo, raro
Do domingo acabado,
Da diligência das cinco, das sestas do banho,
No recanto secreto do meu jardim florido e caiado
Meu espírito de hoje errará nostálgico...
E ir-me-ei embora, e serei outro, sem lar, sem árvore

Verde, sem poço branco,
Sem céu azul e plácido...
E os pássaros ficarão cantando.







VÍDEO = Haydn

CONTO = Leon Eliachar

L E O N   E L I A C H A R
* CAIRO (Egito), 1922 =  RIO-RJ, 1987


Um Nome Qualquer




Encontraram-se depois de mais de dez anos:
-- Afonso!
-- Hermenegildo!
Abraçaram-se três vezes seguidas, como fazem todos os que não se vêem há muito tempo:
-- Lembra-se do Rogério?
-- Lembro.
-- Morreu a semana passada.
-- Coitado.
Conversaram a mesma conversa que conversam os que não se vêem há muito tempo:
-- Que tens feito?
-- Lutando. E você?
-- Levando a vida.
Quando deram por si, estavam tomando cafezinho em pé, como fazem sempre os que não se vêem há muito tempo:
-- Você está mais gordo.
-- E você, mais magro.
Foram andando, parando, relembrando incidentes pitorescos, como fazem todos os que não se vêem há muito tempo:
-- E aquele mergulho no rio, atrás do internato, lembra-se?
-- Se me lembro, quase você morre afogado.
-- E foi você quem me salvou, nunca esqueci.
Pararam num ponto de ônibus pra se despedir, ficaram batendo papo mais de meia-hora, como fazem todos os que não se vêem há muito tempo:
-- Você casou?
-- Casei. E você?
-- Mais ou menos. Estou com uma zinha aí mas ela é casada.
-- Você nunca quis nada com o casamento, hein, malandro?
-- Com essa até que eu casava.
-- Como ela é?
-- Baixotinha, gordota, tem um sinalzinho no rosto, mas eu gosto dela assim mesmo.
Afonso ficou apreensivo:
-- Como é o nome dela?
-- Cláudia.
Afonso ficou mais curioso:
-- Ela tem filhos?
-- Dois. Um menino de quatro e uma menina de três.
Afonso só faltou pedir o retrato pra ver, mas não teve coragem. Apressou a despedida:
-- Bem, tenho de ir andando, estou atrasadíssimo.
Tomou o ônibus, foi direto para casa. No caminho, foi pensando: "Cláudia... dois filhos... um menino de quatro... uma menina de três... baixotinha... gordota... um sinalzinho no rosto..." era muita coincidência. Quando entrou em casa, só faltou arrancar a porta. Lá estava a mulher no meio da sala, com os dois filhos, baixotinha, gordota, com um sorriso na cara deste tamanho:
-- Chegou cedo hoje, hein, Afonso?
Ele estava tremendo de ponta a ponta, quando perguntou:
-- Diz depressa o nome de um homem.
-- Como?
-- Depressa, diz um nome de homem. Um nome qualquer.
Ela nem teve tempo de pensar:
-- Hermenegildo.
Ele chegou a cambalear, foi preciso segurar no vão da porta:
-- Quem diria, hein?
Sua mulher não entendia nada:
-- Mas o que foi, Afonso? Está sentindo alguma coisa?
Ele foi categórico:
-- Estou sim.
-- Está sentindo o quê?
Ele arreganhou os dentes:
-- Estou sentindo ódio de mim mesmo, por ter salvo aquele desgraçado. Devia ter deixado ele morrer afogado.
Cláudia caiu de bruços e como caiu, ficou, inteiramente desacordada.
O médico disse que era normal.
Estava esperando o terceiro filho.

POESIA = João Cabral de Melo Neto

JOÃO CABRAL DE MELO NETO
RECIFE-PE = 1920 / 1999


Uma Evocação Do Recife



O Recife até os anos quarenta
era como os dedos da aranha

que iam cada dia mais longe;
os dedos: as linhas de bonde.

Ninguém falava de seu bairro.
mas desses dedos espalmados

que as linhas de bonde varavam
e a seu lado cristalizavam.

Mora-se na linha do Monteiro,
passado já o Caldeireiro,

depois porém da própria praça
do Monteiro, na Porta d'Água,

mas um pouco antes de Apipucos,
do açude que dá nome ao cujo.

O Recife de então se espalha
aonde o levavam suas garras,

se esgueirando entre as línguas secas
que a maré entre os dedos deixa:

mas que deixa até onde deixa:
ao onde que, ausente das letras,

está presente como mangues
de olhos de água cega, estanques,

que em pesadelo estão presentes
no sono de todo recifense.



PENSAMENTOS





“Preocupação é um juros pago antecipadamente."
W. R. INGE


"Você está a caminho do sucesso quando compreende que o fracasso não passa de um desvio."
WILLIAN G. WILNES JR.


"Todos gostariam de viver muito, mas ninguém gostaria de envelhecer."
BENJAMIN FRANKLIN


"Os covardes morrem muitas vezes antes de sua morte; os valentes morrem uma única vez."
SHAKESPEARE


"Grande parte das boas obras do mundo foram praticadas
por pessoas medíocres que fizeram o melhor que podiam."
GEORGE F. HOAR


"O grande propósito da vida é vivê-la."
OLIVER WENDELL HOLMES


"O segredo da felicidade consiste não em fazer o que se
gosta mas em gostar do que se faz."
JAMES M. BARRIE


"As pessoas raramente reconhecem a oportunidade porque
ela surge disfarçada em trabalho árduo."
H. L. MENCKEN


"A gente leva da vida a vida que levamos."
BARÃO DE ITARARÉ


"A verdadeira riqueza não consiste em ter grandes
posses, mas em ter poucas necessidades."
EPICURO


"O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano."
ISAAC NEWTON



CIDADES DO NORDESTE = Olinda-PE

OLINDA-PE
OLINDA-PE
OLINDA-PE
OLINDA-PE
OLINDA-PE
OLINDA-PE
OLINDA-PE
OLINDA-PE

PIADA = No Dentista




- Doutor quanto que o senhor cobra para tirar este dente aqui ó?

- Hummm!...Bemmm! É só 200 reais.

- O quê! Aíiii! Caraca! Bati a minha cabeça! Que susto doutor! Eu vim aqui pra arrancar um dente e quase que o senhor me faz ter um ataque cardíaco e bater as botas por causa desse seu precinho camarada. Aposto que o senhor ainda vai falar que é preço de ocasião. Eu vou ter que pagar tudo isso só para o senhor fazer um servicinho de um minuto?

- Isso mesmo! Disse o dentista.

- Isso é um abuso! Na verdade, isso é um verdadeiro assalto!

Reclamou o inconformado paciente.

- Se o senhor quiser podemos fazer esse servicinho em uma semana. Respondeu o calmo e tranquilo dentista.



MÁRIO DE ANDRADE = Sobre O Frevo

 

"Mas será possível que uma coreografia, assim, ainda se conserve ignorada dos nossos teatros e bailarinos? Que beleza! Que leveza admirável! É uma fonte riquíssima. É um verdadeiro título de glória, que o país ignora, simplesmente porque entre nós ainda são muito raros os que têm verdadeira convicção de cultura” .



MÁRIO DE ANDRADE



CONTO = Luís Fernando Veríssimo

LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO
PORTO ALEGRE-RS = 1936


Isso É Brasil...




Pegaram o cara em flagrante roubando galinhas de um galinheiro e levaram para a delegacia.
- Que vida mansa, heim, vagabundo? Roubando galinha para ter o que comer sem precisar trabalhar. Vai para a cadeia!
- Não era para mim não. Era para vender.
- Pior. Venda de artigo roubado. Concorrência desleal com o comércio estabelecido.
Sem-vergonha!
- Mas eu vendia mais caro.
- Mais caro?
- Espalhei o boato que as galinhas do galinheiro eram bichadas e as minhas não.
É que as do galinheiro botavam ovos brancos enquanto as minhas botavam ovos marrons.
- Mas eram as mesmas galinhas, safado.!
- Os ovos das minhas eu pintava.
- Que grande pilantra...
Mas já havia um certo respeito no tom do delegado.
- Ainda bem que tu vai preso. Se o dono do galinheiro te pega ... - Já me pegou.
Fiz um acerto com ele. Me comprometi a não espalhar mais boato sobre as galinhas dele, e ele se comprometeu a aumentar os preços dos produtos dele para ficarem iguais aos meus. Convidamos outros donos de galinheiro a entrar no nosso esquema.
Formamos um oligopólio. Ou, no caso, um ovigopolio.
- E o que você faz com o lucro do seu negocio?
- Especulo com dólar. Invisto alguma coisa no trafico de drogas. Comprei alguns deputados. Dois ou três ministros. Consegui exclusividade no suprimento de galinhas e ovos para programas de alimentação do governo e superfaturo os preços.
O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada. Depois perguntou:
- Doutor, não me leve a mal, mas com tudo isso, o senhor não está milionário?
- Trilionário. Sem contar o que eu sonego de Imposto de Renda e o que tenho depositado ilegalmente no exterior.
- E, com tudo isso, o senhor continua roubando galinhas?
- As vezes. Sabe como é.
- Não sei não, excelência. Me explique.
- É que, em todas essas minhas atividades, eu sinto falta de uma coisa. O risco, entende? Daquela sensação de perigo, de estar fazendo uma coisa proibida, da iminência do castigo. Só roubando galinhas eu me sinto realmente um ladrão, e isso é excitante. Como agora. Fui preso finalmente.
Vou para a cadeia. É uma experiência nova.
- O que é isso, excelência? O senhor não vai ser preso não.
- Mas fui pego em flagrante pulando a cerca do galinheiro!
- Sim. Mas primário, e com esses antecedentes ...

POESIA = Oswaldo De Andrade

OSWALD DE ANDRADE
SÃO PAULO-SP = 1890 / 1954


Recife


Desenvoltura
Atração sinuosa
Da terra pernambucana
Tudo se enlaça
E absorve em ti
Retilínea
Cana de açúcar
Dobrada
Para deixar mais alta
Olinda
Plantada
Sobre uma onda linda
Do mar pernambucano
Mas os guindastes
São canhões que ficaram
Em memória
Da defesa da Pátria
Contra os holandês


Chaminés
Palmares do cais
Perpendiculares aos hangars
E às broas negras d’óleo
Baluarte do progresso
Para render
Os velhos fortes
Carcomidos
Pelos institutos históricos


Na paisagem guerreira
Os coqueiros se empenacham
Como guerreiros em festa

Ruas imperiais
Palmeiras imperiais
Pontes imperiais
As tuas moradias
Vestidas de azul e de amarelo
Não contradizem
Os prazeres civilizados
Da Rua Nova
Nos teus paralelepípedos
Os melhores de mundo
Os automóveis
Do Novo Mundo
Cortam as pontes ancestrais
Do Capibaribe


Desenvoltura
Concreto sinuoso
Que liga o arranha-céu
À bênção das tuas igrejas
Velhas
De abençoar
A gente corajosa
De Pernambuco





CONTO = Stanislaw Ponte Preta

STANISLAW PONTE PRETA
S É R G I O   P O R T O
RIO DE JANEIRO-RJ = 1923-1968


A Velha Contrabandista



Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha.

Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela: - Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?

A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu: - É areia!

Aí quem riu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.

Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com moamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.

Diz que foi aí que o fiscal se chateou: - Olha vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.

- Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:

- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?

- O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha.

- Juro - respondeu o fiscal.

- É lambreta.




Originalmente no livro "O Primo Altarmiro e Elas"
"O Melhor de Stanislaw Ponte Preta", José Olympio Editora RJ/RJ, 1997, pág 54








GRANDES PINTORES

MURILLO LA GRECA = Palmares-PE, 1899-1985
MURILLO LA GRECA = Palmares-PE, 1899-1985
MURILLO LA GRECA = Palmares-PE, 1899-1985 
MURILLO LA GRECA = Palmares-PE
POMPEO BATONI = Itália, 1708-1787
TIZIANO = Itália, 1488-1576
TIZIANO = Itália, 1488-1576
TIZIANO = Itália, 1488-1576

VÍDEO = Fausto Papetti

O RECIFE ANTIGO



PIADA

Um Casal foi entrevistado por um repórter de TV porque estavam casados há 50 anos e nunca tinham brigado. O repórter todo curioso pergunta a mulher:


Mas vocês nunca brigaram mesmo?

- Não. - responde a mulher.

- E como isso aconteceu?

- Bem, quando nos casamos o meu marido tinha uma égua de estimação. Era a criatura que ele mais amava na vida. No dia do nosso casamento fomos de lua-de-mel na nossa carroça puxada pela égua. Andamos alguns metros e a égua, coitada, tropeçou. Meu marido olhou bem firme para a égua e disse:

- Um.

Mais alguns metros e a égua tropeçou de novo. Meu marido encarou a égua e disse:

- Dois.

Na terceira vez que ela tropeçou ele sacou da espingarda e deu uns cinco tiros na bichinha. Eu fiquei apavorada e perguntei:

- Mas porque é que tu fizeste uma coisa dessas homem?

Meu marido me encarou e disse:

- Um.

- Depois disso nunca mais brigamos

FRASES ENGRAÇADAS





Quando lhe atirarem uma pedra, faça dela um
degrau e suba... Só depois, quando tiver uma
visão plena de toda a área, pegue outra
pedra, mire bem e acerte o crânio do
filho da ... que lhe atirou a primeira.


Na vida tudo é relativo. Um fio de cabelo na
cabeça é pouco; na sopa, é muito!


Diga-me com quem andas, que eu te direi se vou contigo.


Eu cavo, tu cavas, ele cava, nós cavamos, vós cavais,
eles cavam... Não é bonito, mas é profundo.


Errar é humano. Colocar a culpa em alguém, então, nem se fala.


"Se for dirigir não beba. Se for Beber...me chame ."


"Não adianta ser rico e usar roupas caras e de marca
se o melhor da vida a gente faz pelado"



POESIA = Fernando Pessoa

FERNANDO PESSOA
PORTUGAL = 1888 / 1935



Ó Sino Da Minha Aldeia




Ó sino da minha aldeia
dolente na tarde calma,
cada tua badalada
soa dentro da minha alma...
E é tão lento o teu soar,
tão como triste da vida,
que já a primeira pancada
tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto,
quando passo, sempre errante,
és para mim como um sonho,
soas-me na alma distante.
A cada pancada tua,
vibrante no céu aberto,
sinto o passado mais longe,
sinto a saudade mais perto...