Miserável
O noivo, como noivo, é
repugnante:
Materialão, estúpido,
chorudo,
Arrotando, a propósito de
tudo,
O ser comendador e
negociante.
Tem viuvinha, a noite
interessante,
Todo o arsenal de um poeta
guedelhudo:
Alabastro, marfim, coral,
veludo,
Azeviche, safira e tutti
quanti.
Da misteriosa alcova a
porta geme,
O noivo dorme n’um lençol
envolto ...
Entra a viuvinha, a
noiva... Oh, céu, contem-me!
Ela deita-se... espera...
Qual! Revolto,
O leito estala... Ela
suspira... freme ...,
E o miserável dorme a sono
solto! ...
ARTUR AZEVEDO
SÃO LUÌS-MA =
1855-1908
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