A Arte e a Vida
Este
que vive em truculento e rude
Prélio de intrigas que a ambição ateia,
Envolve em rispidez cada atitude,
Sai-lhe, de fel, cada palavra, cheia.
Não vê que na bondade está a virtude
De dar graça e beleza à vida feia,
Como um raio de sol doira o palude,
Põe rebrilhos de jóia em grãos de areia.
Dor de sobra há no mundo que nos doa;
E quantas formas de expressão tem ela,
Da mão que fere à voz que amaldiçoa!
Mas no artista a bondade se revela;
Se não lhe é dado a vida fazer boa,
Atenua-lhe o mal, tornando-a bela.
Prélio de intrigas que a ambição ateia,
Envolve em rispidez cada atitude,
Sai-lhe, de fel, cada palavra, cheia.
Não vê que na bondade está a virtude
De dar graça e beleza à vida feia,
Como um raio de sol doira o palude,
Põe rebrilhos de jóia em grãos de areia.
Dor de sobra há no mundo que nos doa;
E quantas formas de expressão tem ela,
Da mão que fere à voz que amaldiçoa!
Mas no artista a bondade se revela;
Se não lhe é dado a vida fazer boa,
Atenua-lhe o mal, tornando-a bela.
BASTOS TIGRE
RECIFE-PE, 1882-1957
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