domingo, 14 de agosto de 2016

POESIA = Carlos Pena Filho



Soneto Do Recanto


Num recanto sem data e sem ternura,
e mais, sem pretensão a ser recanto,
descobri em teu corpo o amargo canto
de quem despenca para a desventura.

Há nos recantos sempre  uma segura
desvantagem de unir o desencanto
e é por isto talvez que não me espanto
de ali perder teu corpo e a ventura

de viver entre atento e descuidado,
mirando o pardo tédio que descansa
nos subúrbios do amor desmantelado.

E só para ganhar mais espessura
eu resolvi fazer esta lembrança
de um recanto sem data e sem ternura.

CARLOS PENA FILHO
RECIFE-PE  = 1929-1960

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