O Ladrão
Quando deixei Maceió, fechei a porta
do mar
E enxotei os navios que insistiam em
seguir-me.
Tive de aninhar o vento nos
corredores
Das casas brancas que guardam
lacraias.
Mas o mar me acompanhou até nos
sonhos,
Igual ao sol azul que sustenta o
mormaço.
O vento veio voando e era um bando
de pássaros.
A chuva da minha infância continua
caindo
Com o seu séquito de tanajuras e
caranguejos.
Até as dunas caminham ao meu
encontro
E me rodeiam, exigindo que eu
devolva
A chave de areia e o oceano roubado.
LEDO IVO
MACEIÓ-AL = 1924-2013
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