Boca Da Noite
Já não brincam como crianças as árvores
verdes,
as lindas árvores verdes de minha terra
tropical!
Meninas obedientes vão cedo para o agasalho
e vestem o timão pardacento das sombras!
No rio lerdo as baronesas movem-se lentas
Tão lentas que até parecem paradas!
- As baronesas que vão a caminho do mar...
Cantam as araquãs na mata silenciosa
onde há rumores confusos de vozes estranhas...
- Talvez pássaros que se aninham!
- Talvez caiporas a gritar!
Ai! Eu tenho medo das caiporas
que andam pelas florestas a vagar...
No azul cansado brilha primeiro o olho vivo da
Papa-Ceia!
E eu vejo a boca da noite
mastigando o sol
como um fruto passado.
ASCENSO FERREIRA
PALMARES-PE
= 1895-1965
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