sábado, 23 de novembro de 2013
POESIA
OLAVO
BILAC
RIO DE JANEIRO-RJ, 1865-1918
Os Pobres
Aí vêm pelos caminhos,
Descalços, de pés no chão,
Os pobres que andam sozinhos,
Implorando compaixão.
Vivem sem cama e sem teto,
Na fome e na solidão:
Pedem um pouco de afeto,
Pedem um pouco de pão.
São tímidos? São covardes?
Têm pejo? Têm confusão?
Parai quando os encontrardes,
E dai-lhes a vossa mão!
Guiai-lhe os tristes passos!
Dai-lhes, sem hesitação,
O apoio dos vossos braços,
Metade de vosso pão!
Não receieis que, algum dia,
Vos assalte a ingratidão:
O prêmio está na alegria
Que tereis no coração.
Protegei os desgraçados,
Órfãos de toda a afeição:
E sereis abençoados
Por um pedaço de pão . . .
PENSAMENTOS
EPICURO SOBRE POR QUE
DEUS
PERMITE O MAL NO MUNDO
Deus, ou quer impedir os males e não pode, ou pode e não quer, ou não quer nem pode, ou quer e pode. Se quer e não pode, é impotente: o que é impossível em Deus. Se pode e não quer, é invejoso: o que, do mesmo modo, é contrário a Deus. Se nem quer nem pode, é invejoso e impotente: portanto nem sequer é Deus. Se pode e quer, que é a única coisa compatível com Deus, donde provém então existência dos males? Por que razão é que não os impede?
BARÃO DE ITARARÉ
O PAVOR DO MENINO
O menino era taludo mas meio bocó. De maneira que o pai não
estranhou quando, muito afobado, o garoto, com voz tremula, lhe disse:
— Papai! Papai! Foi bom teres chegado agora! Estou morto de
medo! Lá em cima, no quarto, tem um lobisomem!
— Não seja bobo, menino! Que tolice é essa? Então você não sabe que lobisomem não existe? Lobisomem é só conversa fiada!
— Não seja bobo, menino! Que tolice é essa? Então você não sabe que lobisomem não existe? Lobisomem é só conversa fiada!
Não é papai! Quando
tu bateste a campainha, ele saiu correndo e se meteu dentro do guarda-roupa. A
mamãe ficou assustada e se fechou dentro do banheiro!
TREMENDA SURPRESA
O chefe da família,
homem resoluto e destemeroso, que voltava inesperadamente de uma viagem,
decidiu subir as escadas, rapidamente, encontrando a sua alcova em desalinho.
Abriu energicamente o guarda-roupa e recebe um impacto de surpresa. Encolhido,
imóvel, cosido no fundo do móvel, estava o chefe do seu escritório, muito
pálido e com a respiração suspensa:
REVOLTA E DESILUSÃO
— Bonito, seu Antônio! — balbuciou afinal, o dono da casa.
E, dando à sua voz uma entonação de profunda, revolta e desilusão, prosseguiu:
— Parece mentira! Custa-me crer no que vejo! Então, o
senhor, que veio me bater à porta, morto de fome, sem roupa, sem dinheiro e a
quem eu atendi com a melhor boa vontade proporcionando-lhe trabalho honrado,
com um ordenado magnífico, dando-lhe um posto de inteira confiança no meu
escritório, justamente no momento em que deveria estar trabalhando;
fiscalizando os outros empregados, atento a seus deveres de chefe da firma, o
senhor, aproveitando a minha ausência, o senhor vem a minha casa para assustar
as crianças e a minha querida esposa? Acha que é correto esse seu procedimento?
Vamos! Saia daí e vá cumprir as suas obrigações no escritório, antes que eu me
zangue e lhe rebaixe o ordenado!
HUMILHAÇÃO E VERGONHA
O Sr. Antônio saiu muito humilhado do guarda-roupa, baixou
a cabeça e retirou-se, profundamente envergonhado de seu mau procedimento.
LIÇÃO DE ALTA MORAL
O dono da casa, com o filho pela mão, vai, em seguida, ao
banheiro, bate com força na porta e ordena à sua esposa para que abra ! A
senhora transida de pavor, obedece. E, então, o marido tranqüiliza-a,
explicando:
— Não sejas tola! Tamanha mulher com medo de lobisomens... Não vês que era "seu" Antônio o chefe do escritório que, em vez de estar trabalhando, veio fazer essa brincadeira besta de vir assustar vocês? Também ele ouviu poucas e boas...
— Não sejas tola! Tamanha mulher com medo de lobisomens... Não vês que era "seu" Antônio o chefe do escritório que, em vez de estar trabalhando, veio fazer essa brincadeira besta de vir assustar vocês? Também ele ouviu poucas e boas...
MORAL: Em
mulher ordinária e porta de lotação só batendo com força.
BARÃO DE ITARARÉ
POESIA
OLEGÁRIO MARIANO
RECIFE-PE
= 1889 / 1958
Canto Da Minha Terra
Amo-te, ó minha terra, por tudo o que
me tens dado:
Pelo azul do teu céu, pelas tuas
árvores, pelo teu mar;
Pelas estrelas do Cruzeiro que me
deixam anestesiado,
Pelos crepúsculos profundos que põem
lágrimas no meu olhar;
Pelo canto harmonioso dos teus
pássaros, pelo cheiro
Das tuas matas virgens, pelo mugido
dos teus bois;
Pelos raios do sol, do grande sol que
eu vi primeiro…
Pelas sombras das tuas noites, noites
ermas que eu vi depois;
Pela esmeralda líquida dos teus rios
cristalinos,
Pela pureza das tuas fontes, pelo
brilho dos teus arrebóis;
Pelas tuas igrejas que respiram pelos
pulmões dos sinos,
Pelas tuas casas lendárias onde
amaram nossos avós;
Pelo ouro que o lavrador arranca das
tuas entranhas,
Pela bênção que o poeta recebe do teu
céu azul,
Pela tristeza infinita, infinita das
tuas montanhas,
Pelas lendas que vêm do Norte, pelas
glórias que vêm do Sul;
Pelo teu trapo de bandeira que
flâmula ao vento sereno,
Pelo teu seio maternal onde a cabeça
adormeci,
Sinto a dor angustiada do teu coração
pequeno
Para conter a onda sonora que canta
de amor por ti.
POESIA
MAURO MOTA
RECIFE-PE = 1911-1984
RECIFE-PE = 1911-1984
Rua Morta
Longa rua distante de subúrbio,
velha e comprida rua não violada pelos prefeitos,
passo sobre ti suavemente neste fim de tarde de domingo.
Sinto-te o coração pulsando oculto sob as areias.
O sangue circula na copa imensa dos flamboyants.
Tropeço nos passos perdidos há muito nestas areias,
onde as pedras não vieram ainda sepultá-los.
Passos de homens que jamais voltarão.
Ó velhos chalés de 1830,
eterniza-se entre as paredes o eco das vozes de invisíveis habitantes.
Mãos de sombras femininas abrem de leve janelas no oitão.
Há um cheiro de jasmins e resedás
que não vem dos jardins abandonados,
mas dos cabelos dos fantasmas das moças de outrora.
POESIA
MANUEL BANDEIRA
RECIFE-PE =
1886-1968
Improviso
Cecília, és libérrima e
exata
Como a concha.
Mas a concha é excessiva matéria,
E a matéria mata.
Como a concha.
Mas a concha é excessiva matéria,
E a matéria mata.
Cecília, és tão forte e tão
frágil
Como a onda ao termo da luta.
Mas a onda é água que afoga:
Tu, não, és enxuta.
Como a onda ao termo da luta.
Mas a onda é água que afoga:
Tu, não, és enxuta.
Cecília, és, como o ar,
Diáfana, diáfana.
Mas o ar tem limites:
Tu, quem te pode limitar?
Diáfana, diáfana.
Mas o ar tem limites:
Tu, quem te pode limitar?
Definição:
Concha, mas de orelha:
Água, mas de lágima;
Ar com sentimento.
- Brisa, viração
Da asa de uma abelha
Concha, mas de orelha:
Água, mas de lágima;
Ar com sentimento.
- Brisa, viração
Da asa de uma abelha
RUBEM ALVES
"Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas.
As primeiras jabuticabas, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço...
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte...
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte...
Não quero ver os ponteiros do relógio avançando
em reuniões de 'confrontação', onde 'tiramos fatos a limpo'.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a
essência, minha alma tem pressa...
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a
essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao
lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se
encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua
mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar
ao lado do que é justo.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de
tempo."
RUBEM ALVES
BOA ESPERANÇA-MG,
1933
PIADA
ESTRATÉGIA
Dois
tubarões, pai e filho, observavam os sobreviventes de um naufrágio.
- Siga-me,
filho! Disse o tubarão pai. E nadaram até os náufragos.
- Primeiro,
vamos nadar em volta deles, mostrando apenas a ponta das nossas barbatanas fora
da água. E assim fizeram.
- Muito
bem, meu filho! Agora vamos nadar ao redor deles, algumas vezes, com nossas
barbatanas totalmente de fora. E assim fizeram.
- Agora,
nós podemos comer todos eles. E assim fizeram.
Quando
finalmente se saciaram, o filho perguntou:
- Pai,
por que nós não os comemos logo de início, pai? Por que ficamos nadando ao
redor deles várias vezes?
O sábio e
experiente pai, calmamente, respondeu:
- Porque
eles ficam mais saborosos sem cocô dentro!
POESIA
GOUVEIA MARINHO
LUIZ TAVARES DE GOUVEIA
MARINHO
GOIANA-PE, 1901-1983
Ponho-me a refletir, nesta
hora mansa
da minha tarde. Faço sessenta
anos.
O meu corpo se curva, a alma
se cansa
ao peso esmagador dos
desenganos.
Examino, um por um, todos os
danos
que o tempo causa em mim
enquanto avança.
Ao embate de golpes
desumanos,
já me foge a ambição, morre a
esperança.
Um amigo que encontro diz,
contudo,
que estou “ficando moço”... Mas não quero
convir na generosa
afirmativa.
Consulto o espelho. E me
revela tudo
o espelho, meu amigo mais
sincero,
de uma sinceridade
pungitiva...
CONTO
R A
U L P O M P É I A
ANGRA
DOS REIS-RJ = 1863 / 1895
Tílburi
De Praça
Não
encontraram por aí minha mulher?... É original. Desde que me casei... Eu por
uma porta, ela por outra. Só nos encontramos uma vez frente a frente com
vontade. Eu entrava por um lado, ela entrava por outro...
A
nossa vida de casados é uma verdadeira questão aberta. Entrar e sair é tudo a
mesma cousa. Acontece, porém, que ela está sempre fora e eu nunca estou dentro.
Já
me disseram: Cuidado, João, tua mulher tem amantes... Eu estou de olho... Não
há perigo. Olhem, aqui em casa eles não me passam a perna...
Na
rua eu a espio... Onde ela entra entro eu atrás.
Casei,
todos sabem, não foi por dinheiro: tenho os meus prédios. Casei por paixão, ou
antes, por compaixão. Vi-a no seu véu tristezinho de viúva, com uns olhos
pretos por baixo, que não tinham nada de luto, valha a verdade. Olhou para mim
docemente. Eu tenho os meus prédios... Lembrei-me deles com orgulho, diante
daquela formosíssima soledade. Comecei a gostar dela. Um homem depois de
cinqüenta não namora; os dedos estão perros para o bandolim das serenatas, o
luar dos balcões tem reumatismos. Desde que há meia dúzia de prédios, é logo
casamento...
Foi
o diabo... Logo na igreja, dei com a viuvinha olhando um convidado... Eu, viúvo
de uma mulher como eu tive, boa, gorda, pacata, amiga do rapé e dos seus
cômodos, casar com aquela figurinha saltitante, de olhos pretos, que logo ali,
começava a pular-me fora do matrimônio... Estive quase a desmanchar tudo, na
hora do recebo a vás... Não faz mal, pensei porém, gosto dela... que diabo! se
casar com outra, não poderá suceder a mesma cousa? Vá! é um gosto ao menos. E
atirei-me de cabeça no abismo... Matrimônio é assim. A primeira cousa que um
marido deve comprometer é a cabeça... Para ficar logo atordoado. Senão, não
casa...
Eu
cravei um olhar na minha noiva.
Ia
divina, num simples vestido roxo, que a vestia como se a despisse. Sorriu-me.
Pareceu-me sentir, ao redor de mim, um turbilhão de abelhas douradas, brilhando
e zumbindo. Casei-me...
Pois
bem, daí para cá, é isto... eu por uma porta, ela por outra, em cabra-cega.
Às
vezes, passamos um pelo outro. Ela a caminhar na sua vida, eu, na minha,
espiando.
Ela
sorri-me; eu disfarço, coro e vou seguindo para adiante.
Ora,
meus senhores, não me dirão como hei de pegar minha mulher? ~ isto:
Tempo-será-de-min-c-o-có!... Toda a vida.
Quanto
a amantes, ela não tem. Isto eu lhes juro...
Vem
cá em casa o tipo da igreja, o tal convidado do olhar... Mas eu estou de
olho... Ele é bonitote, correto, conversa, graceja, tem uma maneirazinha
faceira de não fazer caso de cousa nenhuma, como um filósofo.
Fuma
um charuto de primeira qualidade, de linda fumaça azul, que faz letras no ar...
Às vezes mesmo, em minha casa, ele recosta-se no terraço e fica a ler com uma
expressão faceira, meio adormecido, as letras de fumo na atmosfera calma da
tarde.
Até
eu fico seduzido e aceito um charuto dos dele, e fico a fumar, ouvindo os
bambus, as cigarras... Minha mulher, calada, ao nosso lado, ouve, como eu, as
cigarras, e os bambus, conjugalmente. Mas eu conheço que ela gosta mais,
extraconjugalmente, de ver as letras azuis do meu amigo. Assim ficamos, os
três, recostados nas chaises-longues, bebendo crepúsculo.
Ela
é a primeira que se levanta.
—
Que insipidez! exclama. Ora a gente aqui calada, a ver fumaça de charuto!
E,
então, agita-se como uma pata que sai da água, como um belo cisne, devia eu
dizer, que acabasse de sair daquele imenso lago de morbidez em que nos
perdíamos.
—
Vamos passear! Vamos passear!
E,
então, com uma graça que não sei com que comparar, põe-se a desfazer com o
leque as letras azuis dos charutos.
Ah!
a diabinha adorável! e não haver meio de eu encontrá-la!... Ora, será porque eu
não lhe agrado? Mas há agrado que eu, mesmo de longe, não lhe faço... Será porque
eu não sou bastante?... Mas, que diabo! ela daquele tamaninho...
Mas,
reatando, o tal amigo, das letras azuis, namora-a, namora-a, não há dúvida: mas
é só namoro garanto-lhes... Depois, depois...
Depois
eu estou de olho...
Não
tenho repartição que me prenda... não tenho obrigação de hora certa... tenho os
meus prédios... Posso espiá-la dia e noite... Não! amante ela não tem, posso
afirmar... Pois se nem a mim mesmo ela quer!... É o seu mal... Quanto ao mais,
é só passear, passear. O que a perde é o passeio.
Mas
por que não nos encontramos nós no matrimônio? Por que diabo ela quebra
esquina, quando me vê em frente e deixa-me com cara de burro em plena
rua-da-amargura, em plena rua-do-sacramento, devera eu dizer?!...
Já
visitei uma sonâmbula:
Por
que não há meio de encontrar minha mulher?
—
Espie, disse-me ela.
—
Tenho espiado... Ainda, outro dia, entrou ali numa modista, onde vai muito...
Perguntei por ela. Acabava de sair pelo outro lado. A casa tem duas frentes.
Examinei... O lugar mais sério deste mundo!... Daí a pouco, um amigo, (o mesmo
das fumaças, por sinal) disse-me que tinha estado ali com ela, que a vira
ensaiando um chapéu...
Contei
à cartomante a nossa vida, mais ou menos, a minha vigilância...
A
tal pitonisa era uma esperta gorducha, de bochechas vermelhas e grande pasta de
cosmético na testa como uma aba de boné... Sorriu-se. Retirou-se a deitar
cartas, num gabinete obscuro. De volta, falou-me simbolicamente, com alguma
pimenta de malícia na voz.
—
Meu senhor, o coração da mulher é uma cousa complicada. Não se pode estudar e
definir de uma só maneira, mas no ponto da sua consulta, eu creio que não erro,
com esta exposição da minha experiência: Há corações fechados que são como
portas de que se perde a chave. Ninguém lhes entra, sem que um milagre da sorte
ensine como. Então, é a imensa ventura. Há corações de uma só porta, como as
casas seguras, onde a gente entra, sem custo instala-se, faz família dentro, e
aí chega a netos tranqüilamente. Há corações de duas portas, que dão entrada a
um afeto pela frente, diante da sociedade; a outro afeto pelos fundos, diante
da indiscrição da Candinha e seus filhos. O segredo destes amores de acordo é
possível; mas, às vezes, mesmo sem segredo eles são felizes. Há corações
hotéis, onde todo o mundo entra, escandalosamente, quase simultaneamente,
pagando à parte o seu cômodo, sem grande intriga, nem ciúmes. Há corações
bodegas, que é um horror...
Mas,
há uma espécie curiosa de corações, um produto das sociedades desenvolvidas,
para a qual chamo a sua atenção: é o coração volante, e o coração rodante, que
aceita amor, mas que não fixa, daqui para ali, a tanto por hora, a tanto por
mês, o coração tílburi de praça, que aceita o passageiro em qualquer canto, que
dobra a esquina, que corre, que pára, que vem, que desaparece, que passa pela
gente às vezes, juntinho, sem que se possa ver quem vai dentro...
Eu
compreendi vagamente. A cartomante queria chamar minha mulher de tílburi. Ora
minha mulher um tílburi!...
Pedi
que esclarecesse.
—
Nada mais lhe digo. Saiba entender...
Ora
bolas!... E, fiquei na mesma, com a metáfora da consulta e com a minha querida
mulher que eu não tenho, que é entrar eu por uma porta ela sair por outra, como
um fim de história de meninos.
Assinar:
Postagens (Atom)