P A U L A N E I
RACATI-CE = 1858-1897
Fortaleza
Ao
longe, em brancas praias embalada
Pelas
ondas azuis dos verdes mares,
A Fortaleza –
a loura desposada
Do
sol dormita, à sombra dos palmares.
Loura
de sol e branca de luares,
Como
uma hóstia de luz cristalizada,
Entre
verbenas e jardins plantada
Na
brancura de místicos altares.
Lá
canta em cada ramo um passarinho...
Há
pipilos de amor em cada ninho,
Na
solidão dos verdes matagais.
É
minha terra, a terra de Iracema,
O
decantado e esplêndido poema
De
alegria e beleza universais.
A
Justiça
A
Justiça de um povo generoso,
Passando
sobre a negra escravidão
Esmagou-a
de um modo glorioso,
Sufocando-a
com a lei da Abolição.
Esse
passado tétrico, horroroso,
Da
mais nefanda e torpe instituição,
Rolou
no chão, no abismo pavoroso,
Assombrado
com a luz da redenção.
Não
mais dos homens os fatais horrores,
Não
mais o vil zumbir das vergastadas,
Salpicando
de sangue os chão e as flores!
Não
mais escravos pelas esplanadas!
São
todos livres! Não há mais senhores!
Foi-se
a noite, só temos alvoradas.
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