DARCY RIBEIRO
MONTES CLARO-MG = 1922-1997
Exílio
Hoje sonhei que estava lá
Lá pr'além dos Andes
Lá, longe dos meus,
Naquela fria, alheia, terra estrangeira.
Não estava lá por livre escolha minha.
Estava proscrito, exilado
Botado fora. Desterrado por vontade alheia.
Mas nunca saí de mim, daqui.
Todo tempo, eu sabia, me doía saber
Que assaltaram minha Pátria,
M'a roubaram. Cidadão sou de Pátria proibida.
Errando mundo afora, em pátrias alheias.
Nesta dor da terra ausente, consolava
Levá-la no peito, gemendo, noite e dia,
Gastando meu escasso tempo de viver
Nesta agonia arfante de saudade.
Ela
Nesse andar suspenso,
vejo lá embaixo, na rua deserta,
a moça que passa, esbelta.
Hoje sonhei que estava lá
Lá pr'além dos Andes
Lá, longe dos meus,
Naquela fria, alheia, terra estrangeira.
Não estava lá por livre escolha minha.
Estava proscrito, exilado
Botado fora. Desterrado por vontade alheia.
Mas nunca saí de mim, daqui.
Todo tempo, eu sabia, me doía saber
Que assaltaram minha Pátria,
M'a roubaram. Cidadão sou de Pátria proibida.
Errando mundo afora, em pátrias alheias.
Nesta dor da terra ausente, consolava
Levá-la no peito, gemendo, noite e dia,
Gastando meu escasso tempo de viver
Nesta agonia arfante de saudade.
Ela
Nesse andar suspenso,
vejo lá embaixo, na rua deserta,
a moça que passa, esbelta.
Passo a passo, ela passa.
Se vai, sem jamais Ter vindo.
Nosso desencontrado destino.
Em mim, inteira, ficará breve,
A breve imagem da moça que passa.
Nela, nada. Nem a baba desta lascívia.
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