sábado, 30 de março de 2013

POESIA = António Nobre


ANTÓNIO NOBRE
PORTUGAL  =  1867 / 1900


Carta Ao Oceano

 
 

Ó Grande Alma trágica e sombria!
Quando hás-de enfim, na campa repousar?
Após luta persistente e fria,
Ah, quanto é bom morrer... dormir... sonhar...
 

Estrebuchas nas ânsias da agonia,
Há mil e tantos séculos, ó Mar!
E nunca cessas de lutar, um dia,
E Nunca morres, Alma singular!
 

Mas, ao chegar teu último momento,
Quando zurzir nos ares a metralha
Da tua alma desfraldada ao vento:
 

Envolto nessa líquida mortalha,
Tu cairás prostrado, sem alento,
Como um guerreiro ao fim d’uma batalha!

Nenhum comentário: