OLEGÁRIO
MARIANO
O terceiro “príncipe dos
poetas brasileiros”, Olegário Mariano Carneiro da Cunha, nasceu no Recife, em
24 de março de 1889. Foi deputado e viveu ultimamente no mundo diplomático.
Poeta pré-modernista, o cantor das cigarras e dos namorados, deixou páginas
cheias de encanto e de ternura. Faleceu no Rio, em 28 de novembro de 1958.
Obras: Visões de Moço; Angelus; XXII Sonetos; Evangelho da Sombra e do
Silêncio; Água corrente; Ultimas cigarras; Cidade Maravilhosa; Castelos na
areia; Bataclã; Canto da Minha Terra; Destino; Teatro; Poesias Escolhidas;
Vida, Caixa de Brinquedos; Poemas de Amor e de Saudades; O Enamorado da Vida;
Quando vem baixando o crepúsculo; A
vida que já vivi; Cantigas de encurtar caminho; Tangará conta histórias;
Correio Sentimental; Toda uma vida de Poesia.
As Duas Sombras
Na encruzilhada silenciosa do Destino,
Quando as estrelas se multiplicaram,
Duas Sombras errantes se encontraram.
A primeira falou: — Nasci de um beijo
De luz, sou força, vida, alma, esplendor.
Trago em mim toda a glória do Desejo,
Toda a ânsia do Universo... Eu sou o Amor.
O Mundo sinto exânime a meus pés...
Sou Delírio... Loucura... E tu, quem és?
— Eu nasci de uma lágrima...
Sou flama do teu incêndio que devora...
Vivo, dos olhos tristes de quem ama,
Para os olhos nevoentos de quem chora.
Dizem que ao mundo vim para ser boa,
Para dar do meu sangue a quem me queira.
Sou a Saudade, a tua companheira
Que punge, que consola e que perdoa...
Na encruzilhada silenciosa do Destino,
As duas Sombras
comovidas se abraçaram
E de então nunca mais se separaram.
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