sábado, 12 de janeiro de 2013

POESIA = Mauro Mota


M A U R O   M O T A
RECIFE-PE  =  1911-1984


Assombrações Do Recife Velho


Cadeiras balançam
sem gente, sozinhas.

Fantasmas, rumores
na cama, estilhaços.

Apagam-se os lampiões
de bicos de gás
e as lamparinas
de azeite no quarto.

As rezas das tias,
velas no oratório.
A noite comprida
não acaba mais.

Cavalos, boleeiros,
de fraque e cartola
nas ruas vazias.

A moça encantada
no Encanta-Moça.

O Sobrado-Grande
com assombração.

A ronda do Diabo
na Cruz do Patrão
com fogo nos chifres,
correndo no istmo
de Olinda ao Recife.

Canoas sem remo
no Capibaribe.

Uivos dos cachorros
no fundo dos sítios
e dos lobizomens
pegando as mulheres
na Volta ao Mundo.



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