MANUEL BANDEIRA
RECIFE-PE =
1886-1968
A Meu Pai Doente
Para onde fores, Pai, para onde
fores,
Irei também, trilhando as mesmas
ruas.
Tu, para amenizar as dores tuas, Eu,
para amenizar as minhas dores!
Que cousa triste! O campo tão sem
flores,
E eu tão sem crença e as árvores tão
nuas
E tu, gemendo, e o horror de nossas
duas
Mágoas crescendo e se fazendo
horrores!
Magoaram-te, meu Pai?!
Que mão sombria,
Indiferente aos mil tormentos teus
De assim magoar-te sem pesar havia?!
— Seria a mão de Deus?!
Mas Deus enfim, é bom, é justo, e
sendo justo, Deus,
Deus não havia de magoar-te assim!
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