sexta-feira, 9 de novembro de 2012

POESIA = Manuel Bandeira


MANUEL BANDEIRA
RECIFE-PE  =  1886-1968

 
A Meu Pai Doente 

 

Para onde fores, Pai, para onde fores,

Irei também, trilhando as mesmas ruas.

Tu, para amenizar as dores tuas, Eu, para amenizar as minhas dores!

Que cousa triste! O campo tão sem flores,

E eu tão sem crença e as árvores tão nuas

E tu, gemendo, e o horror de nossas duas

Mágoas crescendo e se fazendo horrores!

Magoaram-te, meu Pai?!

Que mão sombria,

Indiferente aos mil tormentos teus

De assim magoar-te sem pesar havia?!

— Seria a mão de Deus?!

Mas Deus enfim, é bom, é justo, e sendo justo, Deus,

Deus não havia de magoar-te assim!

 

 

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