MÁRIO PRATA
UBERABA-MG = 1946
OS CONTADORES DE PIADA
Você já
percebeu que dá para você sacar uma pessoa só pelo jeito que ela conta uma
piada? Pelo jeito e pelo nível da piada? Às vezes, a gente acabou de conhecer
uma pessoa e ela conta uma piada. Aquilo pode ser definitivo nas nossas
relações futuras. Eu estava começando a gostar dela, mas a piada... Impossível
qualquer intimidade.
Sim, minha amiga, contar piada exige
profundas técnicas. Poucos têm o dom. Poucos percebem o tom certo. O momento
exato, o local adequado para a piada. O bom contador de piadas é um artista.
Fico fã, fascinado.
Existem vários
tipos de contadores de piadas, além dos políticos em geral e dos governantes em
particular.
Tem aquele que
esquece a piada. Está já no meio, a gente, ali, interessado, dá um branco no
cara, fica todo mundo olhando para ele: esqueci o fim... Pode?
E o desastrado
que, ao te perguntar se conhece tal piada, conta o fim? E tem uns que, além
disso, não percebem e contam a piada assim mesmo, até o já narrado final.
Chato mesmo é
aquele que vai contar a piada e ri antes. Mas ri para valer. Em volta dele a
rodinha olhando, esperando. Esse mesmo sujeito, que ri dele mesmo, é bem
provável que, depois de conter o riso, venha a rir novamente algumas vezes
durante a narrativa.
É mesmo
desagradável quando o sujeito começa a contar uma que você conhece e você tem
certeza que contada por você seria muito melhor. Nesses casos, quase sempre,
quem conta a piada conhecida estica, estica...
E aquele
contador compulsivo que, quando um acaba a piada ele não deixa ninguém rir
gostoso porque logo manda a sua? É como se ele nem tivesse ouvido a anterior.
Ficou ali, naquela agonia, esperando o outro acabar. E você pode ter certeza
que a piada do primeiro era muito melhor e a gente teve que engolir o riso.
Eu não sei o
porquê, mas tem pessoas que só contam piada velha. Já percebeu? Mas velha
mesmo. Coisa do meu tempo de ginásio.
Ah, os
especialistas. Tem especialistas só em piadas de judeus. Em sua maioria são
judeus mesmo. A turma das piadas de português. Se levam a sério e os
personagens, até hoje, se chamam Joaquim, Manuel e Maria. Mau gosto daquela
turma que só conta piadas racistas. O pior é que, geralmente, são muito boas.
Me diz: existe
coisa pior do que um prolixo contando piada? Meu Deus, aquilo não acaba nunca.
Tem gente que faz até rodapé nas piadas. Rodapé é o fim!
E os pudicos
que tiram os palavrões quando há senhoras presentes? Até que uma das presentes
conte uma piada das mais cabeludas. Um parêntese: por que será que a piada
forte se chama cabeluda? Será que tem algo a ver com os pubianos?
Tem aquelas
mulheres que pedem para o marido contar aquela que o Freitas contou outro dia
lá no jantar da casa da Dolores, lembra benhê? Aliás, nunca descobri por que
pedem para o maridão contar, pois, quase sempre, o maridão conta muito mal.
Nada mais
pretensioso do que aquele que conta e, ao acabar, pergunta: entendeu? Não dá
vontade de dar uma porrada no cidadão? E a piada era simplérrima.
Não resisto e
vou contar uma:
O sujeito foi ao
médico amigo dele, com o saco inchado. O médico disse que era uma inflamação no
testículo esquerdo, que não era nada grave etc., mas que ele procurasse um
especialista. E deu o cartão de um colega urologista. Mas, na hora, errou o
cartão e deu um de um advogado.
O cara marcou
hora e estava lá diante do advogado, achando que era médico:
– Em que posso
ajudar?
O nosso amigo
abaixou as calças e mostrou.
– Como o senhor
está vendo, doutor, estou com uma inflamação no testículo esquerdo.
O advogado
ficou olhando a cena sem entender absolutamente nada. Pensou, pensou e disse:
– Meu amigo, a
minha especialidade é o Direito.
E o sujeito:
– Vai ser
especialista assim lá na puta que o pariu!!!
Mas a piada da
semana fica com os 18 deputados federais que votaram a favor do Naya. São
contra a cassação e a caçação. O voto, é uma piada, foi secreto.
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