sexta-feira, 9 de novembro de 2012

POESIA = Barão de Itararé


BARÃO DE ITARARÉ (*)

 

Desespero

 
 
 

 
   Minha amada — uma pérola sem jaça —
já declarou, perante o mundo inteiro,
que se casará (ai! que desgraça!)
com um homem de juízo e de dinheiro.


   O que será de mim? Por mais que faça
o fado ingrato quer me ver solteiro.
Sinto fugir-me o sonho alviçareiro
de me casar e perpetuar a raça.

   Juízo? — Bem sei não tenho, que estou louco,
pela ingrata, que me enche de feitiço,
com o estranho fulgor dos olhos místicos.


Dinheiro? — Trinta contos ... É bem pouco ...
Não chegam para nada ... e além disso
os meus contos são contos ... humorísticos ...




 
(*) APARICIO TORELLY = Gaúcho de São Leopoldo  =  1895 / 1971

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