Árvore
A árvore agita no ar ao sopro da rajada
a fronde colossal. A ramaria ondula
e, quando o temporal mais desvairado ulula,
parece que ela quer desprender-se, agitada.
Mas todo anseio é vão. Quer quando o vento a oscula
numa carícia, quer quando a sua ramada
a borrasca sacode, a pobre, acorrentada
tem de ficar: ao solo a raiz a vincula.
Árvore eu sou também. Meu cérebro se expande.
freme ao sopro do Bem, do Belo, do que é grande,
de tudo o que de nobre ele adivinha ou sente.
Mas em vão, em vão sonho, em vão quisera, um dia,
poder ir onde vai a minha fantasia...
Sempre a raiz me prende a terra, ingloriamente...
MEDEIROS E ALBUQUERQUE
RECIFE-PE = 1867-1934
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