domingo, 19 de fevereiro de 2017

POESIA = Zila Mamede



Rio Capibaribe

 
Nos mistérios do rio me perdi,
Na amargura do rio me encontrei.
Na sombra que beijava a flor do rio
Senti minha saudade anoitecer.

O rio fez-se ventre onde nasci:
Sua água tem o pranto que chorei!
Quando o vento, pousando o leito, frio,
Quis da espuma meu sangue recolher.

Sou pontes, sou granito, sou letreiros,
Sou mangues, sou barcaças, sou cantiga
Desenhando petróleos na torrente.

Sou rio que compõe os seus barqueiros
Dos soluços da margem que, ora, antiga,
Gera flores e lama, indiferente.

ZILA MAMEDE
NOVA PALMEIRA-PB = 1928–1985

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