O ESPELHO
Na Parede da sala,
essa porta de vidro,
ou somente a parede
essa porta fingida?
Diante dela fica
o duplo cara a cara.
Torna-se, ao mesmo tempo,
prisioneiro e testemunha
dessa prisão perpétua,
desse exílio no espelho
irônico, liberto
de não ser o que era.
Quem vai ao próprio encontro
de cada vez é outro
no cristal da Boêmia
e na moldura de ouro.
É a autocompanhia
nessa peça da casa,
exígua, todavia,
mais profunda e habitada,
Quem bate do outro lado
dessa porta? quem chama?
Que substância mora
no cristal e no estanho?
MAURO MOTA
RECIFE-PE, 1911-1984
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