domingo, 11 de dezembro de 2016

POESIA = Albérgio Maia de Farias



POEMA II

Por onde o Galo, hoje, passa
passaram galos de briga
cocorocando outros frevos
nas Sertãs da avenida
eram cantigas do peito
que queriam o bem da vida
um amor quase perfeito
que suava o corpo todo
de sonho, alegria e medo

Era porrada na cara
do Trianon à Pracinha
eram fuzis eram balas
não conseguiram ser minhas
nem conseguiram calar
o frevo de nossas falas.

Hoje, quando o Galo passa
sou tentado a compreender
que o sonho adolescente
continuou a ferver
nos clarins de outra memória
no frevo canção da História,
embora as graves lembranças
impossíveis de esquecer.

ALBÉRGIO MAIA DE FARIAS
RECIFE-PE, 1947

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