LUA
Quando
eu nasci a minha mãe morria
com
uma santidade de alma em pena.
Seu
corpo era translúcido.
Ela
tinha sob sua carne
um
luminar de estrelas.
Morreu.
Mas eu nasci.
Por
isso levo
um
invisível rio em minhas veias,
um
invencível canto de crepúsculo
que
me estimula o riso e me congela.
Ela
ajuntou á vida que nascia
o
estéril ramalhar de vida enferma.
A
palidez das mãos de moribunda
amarelou
em mim a lua cheia.
Por
isso, irmão,
está
tão triste o campo
atrás
dessas
vidraças
transparentes...
...
Esta lua amarela em minha vida
faz
com que eu seja um germinar da morte...
PABLO NERUDA
CHILE,
1904-1973
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