Último Porto
Este o país ideal que em sonhos
douro;
Aqui o estro das aves me
arrebata,
E em flores, cachos e festões,
desata
A Natureza o virginal tesouro;
Aqui, perpétuo dia ardente e louro
Aqui, perpétuo dia ardente e louro
Fulgura; e, na torrente e na
cascata,
A água alardeia toda a sua prata,
E os laranjais e o sol todo o seu
ouro...
Aqui, de rosas e de luz tecida,
Aqui, de rosas e de luz tecida,
Leve mortalha envolva estes
destroços
Do extinto amor, que inda me
pesam tanto;
E a terra, a mãe comum, no fim da vida,
E a terra, a mãe comum, no fim da vida,
Para a nudeza me cobrir os ossos,
Rasgue alguns palmos do seu verde
manto.
RAIMUNDO CORREIA
MARANHÃO,
1859-1911
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