Soneto
Da Paz
Este
soneto é natureza morta,
Traço
na alvura, sombra de uma flor,
Sinal
de paz que inscrevo em cada porta,
Gesto,
medida de comum valor.
É
letra e clave, é módulo que importa
Na
redução da voz, do som. Calor
Do
que vivido foi e inda comporta
Palpitação
de implícito lavor.
Moeda
que correu por muitas mãos,
Brinquedo
que ficou perdido a um canto
Num
lago de esquecidas esperanças.
Mas
nos seus versos fecho os sonhos vãos
E
em notas claras digo, exalto e canto:
–
Paz! Paz! Brincai, a dormecei,
crianças!
JOAQUIM
CARDOSO
RECIFE-PE =
1897-1978
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