domingo, 12 de abril de 2015

POESIA = Joaquim Cardoso




Soneto Da Paz

Este soneto é natureza morta,
Traço na alvura, sombra de uma flor,
Sinal de paz que inscrevo em cada porta,
Gesto, medida de comum valor.

É letra e clave, é módulo que importa
Na redução da voz, do som. Calor
Do que vivido foi e inda comporta
Palpitação de implícito lavor.

Moeda que correu por muitas mãos,
Brinquedo que ficou perdido a um canto
Num lago de esquecidas esperanças.

Mas nos seus versos fecho os sonhos vãos
E em notas claras digo, exalto e canto:
– Paz! Paz! Brincai, a dormecei, crianças!

JOAQUIM CARDOSO
RECIFE-PE  =  1897-1978

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