domingo, 1 de fevereiro de 2015

POESIA = Gouveia Marinho



Soneto À Morte Amarga
(Paráfrase)


Sinto que vou morrer. Não tarda o dia
em que pedra insensível, impiedosa,
me há de cair por sobre a carne fria,
para que ela se altere em pasta ascosa.

Que mais serei depois? Nua ossaria,
caveira vil, magérrima e horrorosa;
alma que vai certeira, ou se transvia
no surto para o céu azul-e-rosa.

Que ser refoge o exício? O fraco e o forte,
o que rasteja e o que se eleva aos cimos
- todos junge essa lei cega e inclemente.

E que és amarga bem o sei, ó Morte,
tens o sabor do pó de onde provimos;
só te peço que venhas docemente.

GOUVEIA MARINHO
LUIZ TAVARES DE GOUVEIA MARINHO
GOIANA-PE  =  1901-1983

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