Pior Que Morrer
Mortal que sou, não
temo a morte,
que me há-de vir,
forçosamente;
para onde quer que eu
me transporte
dela fugindo, é
indiferente,
igual será a minha
sorte:
fugirei dela
inutilmente.
A me caçar, por sul e
norte,
o monstro frio,
inconseqüente,
foice a brandir de
afiado corte,
a minha vida
contingente,
que é já tão fraca
(ele tão forte),
há-de ceifá-la o
impiedoso ente
de estranho rosto,
estranho porte,
por mais faça eu,
tente e pertente.
Não me horroriza,
não, a morte...
Pior que morrer é,
certamente,
matar.
O ferro se me
entorte,
frustre-se o gesto
repelente.
GOUVEIA MARINHO
LUÍS TAVARES DE GOUVEIA
MARINHO
GOIANA-PE = 1901
/ 1983
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