sábado, 23 de agosto de 2014

POESIA = Adelmar Tavares




 Prima Amparo


Ela não viu a imagem na corrente,
quando ao rio, em S. João, se foi banhar,
e voltou para casa, descontente,
com os lindos olhos baixos, a chorar...

"Morrerei o outro Junho, certamente...
Como as "sortes" enganam ! ... "Vais casar" .
— Prima Amparo, não creia.. . Pode a gente
nessas superstições acreditar ? ...

O outro Junho chegou... E ela partia
morta, no seu caixão, magoado o rosto,
o meu primeiro amor, a flor de um dia! ...

Por isso, quando Junho vem chegando,
choro esse esquife azul, pelo sol posto,
com seis moças de branco, carregando...



ADELMAR TAVARES
RECIFE-PE  =  1888-1963

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