sábado, 5 de julho de 2014

POESIA = Waldemar Lopes








Umbral de sóis: de súbito, incendido
risco no azul. Sob o silêncio arfante,
a alma submersa em mar desconhecido,
dardo de adeus cortando o céu ressoante.

Nos sonhos da memória o dolorido
rol de presenças. Sono murmurante
do tempo ambíguo em sombra percorrido:
passos descompassados de passante

pelas trilhas de cinza, ou nas estradas
já imunes ao lume da esperança.
(Mas nas sendas da noite soam os

ecos das vozes tímidas e amadas,
e as cirandas redançam sua dança
quando as boninas dormem nos chãos nus.)

WALDEMAR LOPES
QUIPAPÁ-PE  =  1911-2006

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