sábado, 21 de junho de 2014

POESIA = Jorge de Lima




J O R G E  DE  L I M A
UNIÃO DOS PALMARES-AL  =  1893-1953



O que há sob essa máscara é um pranto seco,
pranto final, sem lágrimas, calado.
A pele ressecou-se em fruto peco,
a fronte dolorida, o olhar parado.

Não há saída mais para esse beco.
Tudo perdido, tudo consumado.
O que há sob essa máscara é um pranto seco,
sem esponja de fel e último brado.

As formigas subiram pela fronte
e desceram ligeiras pelos cravos
das patas ressequidas, pelas unhas…

Cadáver seco em solitário monte,
sem complacências e sem desagravos,
sem madalenas e sem testemunhas.


Nenhum comentário: