sábado, 15 de março de 2014

POESIA = Cruz E Sousa


 

Triste 

 
Vai-se extinguindo a viva labareda 
Que te abrasava o coração ridente... 
Passas magoada pela rua e a gente 
Umas conversas funerais segreda. 
 

Não tens no olhar o sangue qu’embebeda, 
Foram-se as rosas do viver contente... 
Segues, agora, pobre flor — somente 
Da sepultura a essencial vereda. 
 

E vem chegando o tenebroso inverno... 
Mas nesse mal devorador e eterno, 
Teu organismo já não mais resiste 
 

Às punhaladas da estação de gelo... 
E acabará como eu nem sei dizê-lo, 
Triste, bem triste, pesarosa, triste!



CRUZ E SOUSA
FLORIANÓPOLIS-SC  =  1861-1898

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