sábado, 4 de janeiro de 2014

POESIA = Mauro Mota


Tempo De Farmácia
 


As cores nos boiões, calomelanos,
o jacaré das rolhas, elixires,
os chás, o peixe da "Emulsão Scott",
dietas, línguas de fora, Chernoviz,

o xarope da tosse, a queda, o galo,
o braço na tipóia, a camomila,
a letra do Doutor, frascos e rótulos,
o medo de injeções e bisturis.

O banco das conversas, as pastilhas
de malva e de hortelã, o mel de abelha,
a cobra na garrafa, o almofariz,

o termômetro, a febre dos meninos,
o tempo sem remédio na farmácia,
as doenças da infância, a cicatriz.



MAURO MOTA
RECIFE-PE  =  1911-1984

 

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