sábado, 5 de outubro de 2013

POESIA

GUILHERME DE AZEVEDO
PORTUGAL  =  1839-1882


Oh Máquinas Febris


Ó máquinas febris! Eu sinto a cada passo,
Nos silvos que soltais, aquele canto imenso
Que a nova geração nos lábios traz suspenso
Como a estância viril de uma epopeia de aço!

Enquanto o velho mundo, arfando de cansaço,
Prostrado cai na luta, em fumo negro e denso
Levanta-se a espiral desse moderno incenso
Que ofusca os deuses vãos, anuviando o espaço!

Vós sois as criações fulgentes, fabulosas,
Que, vibrantes, cruéis, de lavas sequiosas,
Mordeis o pedestal da velha majestade!


E as grandes combustões que sempre nos consomem
Começam, num cadinho, a refundir o homem,
Fazendo ressurgir mais larga a humanidade.

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