sábado, 14 de setembro de 2013

POESIA


JOAQUIM CARDOZO
RECIFE-PE  = 1897-1978



  
Olinda
(1925)




  
Olinda,
Das perspectivas estranhas,
Dos imprevistos horizontes,
Das ladeiras, dos conventos e do mar.

Olho as palmeiras do velho seminário,
O horto dos jesuítas;
E neste mar distante e verde, neste mar
Numeroso e longo
Ainda vejo as caravelas. . .

Sábio silêncio do Observatório
Quando à noite as estrelas passam sobre Olinda.

Muros que brincam de esconder nas moitas,
Calçadas que descem cascateando nas ladeiras.
Olinda,
Quando o luxo, o esplendor, o incêndio

E os Capitães-mores e os jesuítas
E os Bispos e os Doutores em Cânones e Leis.
E ainda
Com as velhas bicas, os velhos pátios das igrejas:
Amparo, Misericórdia, S. João, S. Pedro,
Nossa Senhora de Guadalupe;

E os Beneditinos e as irmãs Dorotéias
E os padres de S. Francisco.
Neste silêncio, neste grande silêncio,
No terraço da Sé,
Sentindo a tarde vir do mar, tão doce e religiosa,
Como a alma celestial de S. Francisco de Assis.


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