sábado, 17 de agosto de 2013

POESIA

GUERRA JUNQUEIRO
PORTUGAL  =  1850-1923








Quando eu morrer, abram-me o peito
E, desta jaula onde houve um leão,
Tirem, o cárcere era estreito,
Meu velho e altivo coração.

Depois, sem dó e sem respeito,
Sem um murmúrio de oração,
Lancem-no assim, vai satisfeito,
À vala obscura, à podridão.

Para que durma e se desfaça
no lodo amargo da Desgraça
Por quem bateu continuamente,

Como um tambor que entre a metralha
Estoira ao fim de uma batalha,
Rouco, furioso, ansioso, ardente!



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