sábado, 6 de julho de 2013

POESIA


ADELMAR  TAVARES   *

 Francisco, Meu Pai 

 

Como que o vejo... o chapelão caído
Sobre a cabeça branca de algodão...
Buscando o campo, - o dia mal nascido,
Voltando à casa, o dia em escuridão. 

Lavrador, fez da terra o ideal querido.
“Meu filho, a terra é que nos dá o pão”,
Dizia-me. E cavava comovido,
A várzea aberta para a plantação...

 Mas um dia, eu, pequeno, vi, cavando,
Sete palmos de campo, soluçando,
Uns homens rudes ... Tempo que já vai!

 “Francisco, adeus”! Diziam repetindo.
Meu pai desceu de branco... Ia dormindo
Fechou-se a terra... E não vi mais meu pai!

 

* ADELMAR TAVARES DA SILVA CAVALCANTI, advogado, professor, jurista, magistrado e poeta, nasceu em Recife(PE), em 16 de fevereiro de
   1888, e faleceu no Rio de Janeiro(RJ), em 20 de junho de 1963. Eleito em 25 de março de 1926 para a Cadeira nº 11 da Academia Brasileira de Letras

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