EDUARDO GALEANO
URUGUAI, 1940
Somos o que fazemos, mas somos,
principalmente,
o que fazemos para mudar o que
somos.
A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta
dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.
Por mais
que eu caminhe, jamais alcançarei. Para
que serve a
utopia? Serve para isso: para que eu não deixe
de caminhar.
O corpo não é uma máquina como nos
diz a ciência. Nem uma
culpa como nos fez crer a religião.
O corpo é uma festa.
Quando as palavras não são tão
dignas quanto o silêncio, é melhor calar e esperar.
Na parede de um botequim de Madri,
um cartaz avisa: Proibido
cantar. Na parede do aeroporto do
Rio de Janeiro, um
aviso informa: É proibido brincar
com os carrinhos
porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe
gente que
canta, ainda existe gente que
brinca.
Na luta do bem contra o mal, é
sempre o povo que morre
"A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de
mim mais que eu; e ela não perde o
que merece ser salvo."
"Assovia o vento dentro de mim.
Estou despido. Dono de nada,
dono de ninguém, nem mesmo dono de
minhas certezas,
sou minha cara contra o vento, a
contravento, e
sou o vento que bate em minha
cara."
Não importa de onde vim, mais sim
aonde quero chegar
A Igreja diz: o corpo é uma culpa. A
Ciência diz: o corpo é uma máquina.
A publicidade diz: o corpo é um negócio. E
o corpo diz: eu sou uma festa.
A primeira condição para modificar a
realidade consiste em conhecê-la.
Vivemos em plena cultura da aparência:
o contrato de casamento
importa mais que o
amor, o funeral mais que o morto,
as
roupas mais do que o corpo e a missa
mais do que Deus.
A história é um profeta com o olhar
voltado para trás: pelo
que foi, e contra o que foi, anuncia
o que será.
Nossa derrota esteve sempre
implícita na vitória dos outros. Nossa
riqueza sempre gerou nossa pobreza
por nutrir a prosperidade
alheia: os impérios e seus beleguins
nativos.
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