A B G A R R E N A
U L T
BARBACENA-MG =
1901-1995
Soneto Das
Perguntas
Por que uma vária vela
vento em fora
me arrasta para além
daquela curva,
e esta âncora, revendo
atrás e aurora,
prende meu lenho sob uma
água turva?
Quando eu não for, como
será o mundo?
Houvera o mesmo chão, se
eu não houvesse?
A reta mão não toca o
céu profundo;
como o tocara a voz de
oblíqua prece?
Por que sou mais mortal
e mais ausente
na distância fechada à
minha frente?
Quem me esvaziou de mim,
de hoje e de aqui?
Entre que relva, em que
porão nefando
ou absurda cisterna está
vagando
aquele que já foi — e que perdi?
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