sábado, 2 de março de 2013

BIOGRAFIA - ASCENSO FERREIRA


ASCENSO FERREIRA
(Ascenso Carneiro Gonçalves Ferreira)


Poeta
Nasceu: 09 de Maio de 1895
Local: Palmares, Zona da Mata de Pernambuco
Faleceu: 05 de Maio de 1965 em Recife - PE
Movimento Literário: Modernismo


 Ascenso Carneiro Gonçalves Ferreira é uma erupção direta do Nordeste no Modernismo brasileiro. Seus poemas são verdadeiras rapsódias nordestinas, onde se espalha fielmente a alma ora brincalhona, ora pungente, no dizer do amigo, Manuel Bandeira. Seus poemas são fala e canto, cuja unidade das composições proclamam a autenticidade de que também é feita a Poesia.

Em 1917, com apenas 22 anos de idade, numa atitude radical, o poeta inexplicavelmente resolve mudar o nome de registro de Aníbal Torres para Ascenso Carneiro Gonçalves Ferreira. Ascenso era o nome do avô materno e Ferreira reverencia o sobrenome da mãe. Em 1928, Ascenso trava um conhecimento pessoal com o autor de Paulicéia Desvairada e, no ano seguinte, se aproxima de vários intelectuais paulistas, como Cassiano Ricardo, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Anita Malfatti e Afonso Arinos.

Apoiado inteiramente no manancial rico do folclore nordestino, declamando e cantando seus próprios versos, Ascenso Ferreira escolhe para temas de seus poemas assuntos populares: festejos religiosos, lendas, acontecimentos da sua região. Esse poeta pernambucano notabilizou-se pelo ritmo excelente dos seus versos, que evitam o resvalar para a prosa e para o lugar comum. Portador de uma pequena bibliografia, o que não impediu, contudo, que o poeta alcançasse uma popularidade extraordinária, de norte a sul do país. Ascenso morreu quatro dias antes de completar 70 anos, em 1965, e sua obra se perdeu, a partir daí, no mais terrível silêncio. Por isso, continua desconhecido do público brasileiro, apesar de o compositor e cantor Alceu Valença, responsável por sua redescoberta, ter musicado e gravado vários de seus poemas: "Maracatu", "Oropa, França e Bahia", "Vou Danado pra Catende", dentre outros.


Com técnica erudita, alia-se à perfeita compreensão dos ritmos populares; ao humor do homem vivido e maduro, junta-se a ingenuidade e o sentimentalismo do caboclo; tudo numa conjunção espontânea de homogeneidade, bem característica desse Brasil que se funde numa harmonia de regionalismo a completar e enriquecer alguns denominadores comuns extremamente sólidos. Rica por sua musicalidade, fortalecida pela liberdade de versificação, sem recuar a rima; rítmica como a linguagem do povo, sua obra... Ou, como diria Manuel Bandeira: "quem não ouviu Ascenso dizer, cantar, declamar, rezar, cuspir, dançar, arrotar os seus poemas, não pode fazer idéia das virtualidades verbais neles contidas


 Por Gilfrancisco
Jornalista, pesquisador e
professor universitário

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