A GUERRA É UM GRANDE NEGÓCIO
Dalia González Delgado
A guerra é um negócio sujo.
Sempre foi. Possivelmente o mais antigo. Sem dúvida, o mais rentável, porém o
mais cruel. É o único com o raio de extensão internacional. É o único em que os
benefícios são calculados em dólares e as perdas em vidas". Assim pensa o
general Smedley D. Butler do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, o
militar mais condecorado na história desse país.
Após o massacre, as empresas
substituem os aviões de combate.
Quem ganha com a guerra?
Porque é um grande negócio bombardear um país até deixá-lo em ruínas? Após o
massacre, as empresas substituem os aviões de combate. Os mesmos países que
bombardearam a Líbia, agora recebem contratos bilionários para a sua
reconstrução.
"A Líbia é um país rico
em reservas de petróleo. Espero que haja oportunidades para as empresas
britânicas e de outros países na missão da sua reconstrução", confessou o
Ministro da Defesa Britânica, Philip Hammond.
De acordo com o jornal Russia
Today, a conta que o Reino Unido deve pagar por sua participação na intervenção
da OTAN na Líbia foi estimada em quase US$ 500 milhões. Enquanto isso, de
acordo com o Departamento de Comércio e Investimento, o valor dos contratos
para a reconstrução da Líbia poderia chegar a mais de 300 bilhões nos próximos
10 anos.
John Hilary, diretor executivo da War on Want,
uma organização que combate a pobreza nos países em desenvolvimento, diz que a
situação é semelhante à do Iraque após a guerra, quando as empresas dos países
envolvidos na invasão foram contemplados com os melhores contratos . "Nós
bombardeamos, destruímos e em seguida, obtemos contratos para a
reconstrução", disse à Russia Today.
Como o Reino Unido, a França
não iria ficar de fora. Foi a primeira potência ocidental a reconhecer o
auto-proclamado Conselho Nacional de Transição (CNT) como o governo legítimo da
Líbia e o primeiro a reabrir sua embaixada em Trípoli. Paris espera que a
gratidão política se transforme em negócios. Esses passam por contratos
lucrativos para a reconstrução do país, concessões nas atividades de petróleo e
em novas oportunidades que surgem com a sua provável abertura econômica.
O jornalista australiano John
Pilger disse que há evidências de negociações empreendidas antes da invasão da
OTAN ao país árabe. "A Líbia é uma fonte com mais reservas de petróleo do
que qualquer outro país da África, incluindo a Nigéria", disse ele.
"O Conselho Nacional de Transição prometeu conceder 35% das reservas de
petróleo da Líbia à companhia petrolífera francesa TOTAL (primeira empresa de
gala do setor), caso a França enviasse os seus aviões de combate ao país
invadido."
O analista mexicano Alfredo
Jalife explicou à TELESUR como a OTAN ganha com a destruição e, em seguida, com
a reconstrução da Líbia.
Considerou irrisória a soma de
um bilhão e meio de dólares em ativos da Líbia liberados pelos Estados Unidos
para os rebeldes do Conselho Nacional de Transição, porque na realidade a Líbia
teria em reservas nos bancos internacionais mais de 100 bilhões de dólares.
É impressionante, disse o
analista, a maneira como a OTAN e os Estados Unidos estão manipulando os
ativos, "que estão sendo hipotecados, com grandes reservas em caixa de
mais de 100 bilhões de dólares". Concluiu afirmando que são "migalhas
os valores liberados para o Conselho Nacional de Transição.”
Seria ingênuo pensar que na
Líbia "se destruiu por destruir", porque não podemos esquecer que
também operam nessas intervenções forças transnacionais "para ganhar e
obter dividendos suculentos."
O analista fez uma analogia
entre o Iraque, Afeganistão e a Líbia, e observou que nenhuma das três nações
"tem qualquer tipo de infraestrutura, tudo foi completamente destruído,
mas isso faz parte do negócio, porque, então, eles já receberão vantajosos
contratos de reconstrução e ignoram o dinheiro da grande riqueza do país
devastado."
As guerras são uma bênção para
os vencedores. Mas a que preço! Não é o homem um animal racional? Que razão
pode haver em um conflito armado, onde também ceifará fortunas que não estão
envolvidas na batalha? Basta por um homem para lutar contra outro, como no
circo romano.
O general Butler escreveu o
seguinte em seu livro War is a racket: "Pelo menos 21.000 novos
milionários e bilionários foram criados nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra
Mundial são os que admitiram os seus ganhos de sangue derramado nas suas
declarações de imposto de renda. Ninguém sabe quantos milionários de riquezas
amealhadas na guerra falsificaram a sua declaração de imposto de renda. Quantos
desses milionários da guerra carregaram um rifle? Quantos deles cavaram uma
trincheira? Quantos deles sabiam o que significa passar fome em um buraco
infestado de ratos? Quantos deles passaram noites sem dormir, tremendo de medo,
evitando granadas, estilhaços e balas de metralhadora? Quantos deles se
esquivaram aos lances de baioneta de um inimigo? Quantos foram feridos ou
mortos em batalha?"
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