OLEGÁRIO MARIANO
RECIFE-PE =
1889-1958
Pé De Vento…
Ágil,
violento,
De
copa em copa,
Salta,
galopa,
Relincha
o vento.
Corcel
alado,
Solta
as crinas,
Desce
às campinas
Desenfreado…
Transpõe
barrancas,
Vales,
penhascos,
Nas
nuvens brancas
Imprime
os cascos.
Da
terra fura
Fundo
as entranhas,
Na
noite escura
Galga
as montanhas,
Tolda
os remansos,
Muda
em cachoeiras
As
cabeceiras
Dos
rios mansos…
Arranca
os galhos,
Pelos
caminhos,
Deixa
em frangalhos
Frondes
e ninhos.
De
salto em salto.
Revoluteia…
Lambe
o planalto,
Dança
na areia…
Na
amaldiçoada
Força
que o agita,
De
cambulhada
Se
precipita…
Pende
o arvoredo
Num
murmúrio:
“Meu
Deus! Que medo!
Que
horror! Que frio!”
Diz
um arbusto:
“Por
que me levas?
Tremo
de susto
Dentro
das trevas.”
Uma
andorinha,
De
asa quebrada:
“Morro
sozinha,
Solta
na estrada!”
Pobre
tropeiro
Se
desengana:
“Rolou
do outeiro
Minha
choupana!”
Vozes
de magoas
Despedaçadas
Choram
nas águas
E
nas ramadas…
Uivam
nas furnas
Feras
aflitas,
Sob
infinitas
Sombras
noturnas…
E
o vento nessa
Marcha
selvagem,
Corta,
atravessa,
Rasga
a paisagem.
E
segue o rumo
Do
movimento,
Subindo
a prumo
No
firmamento,
Até
que rola,
No
último açoite,
Como
uma bola
Dentro
da noite…
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