JOÃO CABRAL DE
MELO NETO
RECIFE-PE = 1920
/ 1999
Uma Evocação Do
Recife
O Recife até os
anos quarenta
era como os dedos da aranha
era como os dedos da aranha
que iam cada dia
mais longe;
os dedos: as linhas de bonde.
Ninguém falava de seu bairro.
mas desses dedos espalmados
os dedos: as linhas de bonde.
Ninguém falava de seu bairro.
mas desses dedos espalmados
que as linhas de
bonde varavam
e a seu lado cristalizavam.
e a seu lado cristalizavam.
Mora-se na linha
do Monteiro,
passado já o Caldeireiro,
depois porém da própria praça
do Monteiro, na Porta d'Água,
mas um pouco antes de Apipucos,
do açude que dá nome ao cujo.
passado já o Caldeireiro,
depois porém da própria praça
do Monteiro, na Porta d'Água,
mas um pouco antes de Apipucos,
do açude que dá nome ao cujo.
O Recife de então
se espalha
aonde o levavam suas garras,
aonde o levavam suas garras,
se esgueirando
entre as línguas secas
que a maré entre os dedos deixa:
mas que deixa até onde deixa:
ao onde que, ausente das letras,
está presente como mangues
de olhos de água cega, estanques,
que em pesadelo estão presentes
no sono de todo recifense.
que a maré entre os dedos deixa:
mas que deixa até onde deixa:
ao onde que, ausente das letras,
está presente como mangues
de olhos de água cega, estanques,
que em pesadelo estão presentes
no sono de todo recifense.
Nenhum comentário:
Postar um comentário