AVENIDA CONDE DA BOA VISTA
Lúcia Gaspar
O local onde hoje se encontra a Avenida Conde da Boa Vista era
originalmente um terreno alagado, uma área de mangue, um lamaçal intransitável,
que já em 1756, estava sendo aterrado.
Inicialmente chamada de Rua Formosa, denominação dada pela população
devido à beleza do local, a atual avenida foi construída em três etapas.
Em 1840, Francisco do Rego Barros, o Conde de Boa Vista, presidente da província de
Pernambuco, aterrou o mangue onde hoje existe o bairro da Boa Vista para expandir o
centro da cidade, sendo iniciada a construção da sua primeira parte: o trecho
entre a Rua da Aurora e a Rua do Hospício, antiga
Visconde de Camaragibe.
Posteriormente, foi construído o trecho seguinte, entre a Rua do
Hospício e a Gervásio Pires. Somente em 1852, teve início a
construção da terceira parte, quando foi iniciado o processo de indenização das
terras que pertenciam ao cirurgião Manoel Pereira Teixeira, para a abertura do
que se denominou de Caminho Novo. A conclusão desse terceiro e
último trecho, que vai até o bairro do Derby, só se concretizou em 1899,
quando foram concluídas as indenizações necessárias e a via pode ser aberta.
Em 1870, com a morte do Conde da Boa Vista, a prefeitura mudou o seu
nome de Rua Formosa para Rua Conde da Boa Vista.
A Rua Formosa e o Caminho Novo foram alargados na primeira gestão do
prefeito do Recife Pelópidas Silveira, em 1946.
A futura avenida foi ampliada tomando-se por base as dimensões, de calçada
a calçada, da Ponte Duarte Coelho, que havia sido
inaugurada, em concreto, no ano de 1943.
A Conde da Boa Vista, no entanto, ficou 42 metros mais larga
do que a ponte por causa da necessidade de área para estacionamento de
veículos. As obras de alargamento e melhoramento da via, nessa época, foram
realizadas até a Rua da Soledade, na esquina do então Colégio Padre Félix.
Só na segunda gestão municipal de Pelópidas Silveira, de 1955-1959, o
alargamento foi concluído alcançando o cruzamento com a Rua Dom Bosco, ficando
a avenida com o seu traçado atual: da Ponte Duarte Coelho até a Rua Dom Bosco,
quando segue em direção ao Derby, tomando o nome de Governador Carlos de Lima
Cavalcanti.
No processo de alargamento foram demolidas diversas construções, entre
as quais a Igreja Anglicana, conhecida como a Igrejinha dos Ingleses,
situada onde hoje se encontra o Edifício Duarte Coelho, em cujo térreo fica o
antigo Cinema São Luís, com seu belo painel de Lula Cardoso Ayres.
Nos anos de 1840, os engenheiros franceses Louis Léger Vauthier, autor do projeto
do Teatro Santa Isabel e Pierre Victor Bolitreau, responsáveis por várias
obras urbanísticas da cidade, residiram em casarões situados na Avenida. Hoje,
restam poucos desses antigos casarões da Rua Formosa. Nela existiram belas
construções como o Palácio da Soledade, construído em meados do século XIX e a
residência do comerciante Eugênio Ramiro Costa, edificada no início do século
XX.
Estrategicamente localizada, a Conde da Boa Vista é uma das artérias
mais movimentadas da capital pernambucana. Estima-se que seu movimento diário
seja de mais de 20 mil veículos e 40 mil pessoas.
Antes, uma área eminentemente residencial, abriga atualmente grande
parte do comércio do centro da cidade, além de bancos; instituições de ensino;
templos religiosos; um shoppping center; bares; restaurantes.
Segundo o Guia Gay, elaborado pela ONG Os Defensores, o
quarteirão entre as Ruas Gervásio Pires e Jiriquiti é
considerado um pólo GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes).
Entre 2007 e 2008, a Prefeitura do Recife construiu o
chamado Corredor Leste-Oeste, implantando uma faixa exclusiva para
ônibus ligando a Conde da Boa Vista à Avenida Caxangá. As calçadas foram
reconstruídas e implantadas novas paradas de ônibus, trazendo uma nova
concepção urbanística para a área.
Recife, 15 de dezembro de 2008.
(Atualizado em 20 de agosto de 2009).
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