ZÉ DA LUZ
A Terra Caiu No Chão
Visitando o meu sertão
que tanta grandeza encerra,
trouxe um punhado de terra
com a maior satisfação.
Fiz isso na intenção,
Como fez Pedro Segundo,
de quando eu deixasse o mundo
levá-lo no meu caixão.
Chegando ao Rio, pensei
guardá-lo só para mim
e num saquinho de brim
essa relíquia encerrei!
Com carinho e com cuidado
numa ripa do telhado,
o saquinho pendurei...
Uma doença apanhei
e vendo bem próxima a morte
lembrando as terras do norte
do saquinho me lembrei.
Que cruel desilusão!
As traças, sem coração
meterem os dentes no saco,
fizeram um grande buraco
e a terra caiu no chão.
(Sevrino de Andrade Silva o Zé da Luz, nasceu em 29 de Março de 1904, na cidade de Itabaiana/PB, foi alfaiate e devido as dificuldades de ganhar a vida, foi ao Rio de Janeiro e escreveu dois livros BRASIL CABÔCLO e SERTÃO EM CARNE E OSSO.
Seus poemas descritivos, além das narrativas profundas, das personagens fortes e marcantes, os versos eram trabalhados na sua sonoridade poética, com a perfeição profunda.
O poeta se utilizava do português cabôclo, nascido da oralidade nordestina, mas inseria a cultura do seu povo, os costumes, as alegrias, a fé e as dores de cada dia.
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