BARBOSA LIMA SOBRINHO
1897-2000
Jornalista, advogado, escritor e político, Alexandre José
Barbosa Lima Sobrinho nasceu no Recife, a 22 de janeiro de 1897. Filho do
tabelião Francisco da Cunha Lima e da dona de casa Joana de Jesus Lima, ainda
criança mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde iniciou o curso
primário.
De volta ao Recife, estudou no Colégio Salesiano e no
Instituto Ginasial de Pernambuco, concluindo o segundo grau em 1911.
Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1917 e tinha a
pretensão de obter, através de concurso, uma cátedra na Faculdade de Direito do
Recife e virar professor. Mas o concurso foi cancelado para beneficiar um
apadrinhado político e ele seguiu mesmo foi a carreira de jornalista.
Publicou o seu primeiro artigo aos 18 anos, no Diario de
Pernambuco. Em 1921 mudou-se para o Rio de Janeiro e em 1924 ingressou no
Jornal do Brasil, do qual tornou-se redator-chefe e onde ocupou, por mais de
meio século, o cargo de redator de assuntos políticos e para o qual nunca deixou
de escrever.
Em 1926, publica seu primeiro livro e é eleito presidente
da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), entidade que ainda comandaria em
outras duas ocasiões (1929 e 1980). Ao todo, presidiu a ABI durante 22 anos.
Membro da Academia Brasileira de Letras desde 1937, no
final da década de 1990 figurava no livro Guinness of Records como o mais
antigo jornalista do mundo em atividade. Autor de mais de 70 livros, Barbosa
Lima Sobrinho também teve uma movimentada vida político-partidária.
Em 1934 foi deputado federal constituinte por Pernambuco.
Em 1937 apoiou o Estado Novo e no ano seguinte foi nomeado diretor no Recife do
Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), onde fez amizade com Miguel Arraes e
onde permaneceu até a queda de Getúlio Vargas.
A 02/12/1945 é eleito, pelo Partido Social Democrático
(PSD), deputado para a Assembléia Nacional Constituinte de 1946. Em seguida, a
19/01/1947, também pelo PSD, disputa e vence as eleições para o governo de
Pernambuco, derrotando o candidato da UDN, Neto Campelo Jr, que tinha apoio do
presidente da República.
Como governador de Pernambuco, Barbosa Lima Sobrinho teve o
mandato encurtado em um ano. Isto porque os partidários do derrotado Neto
Campelo Jr tentaram impugnar o resultado da eleição através de várias ações
judiciais e ele só tomou posse a 14/02/1948, exatamente um ano depois da data
prevista.
Concluiu seu mandato a 31/01/1951. Candidato derrotado ao
Senado em 1962 (os eleitos foram José Ermírio de Moraes e F. Pessoa de
Queiroz), também participou ativamente da campanha pelas Diretas Já (1983/84).
Antes, em 1973, fora o "anti-candidato" a
vice-presidente da República na chapa de Ulysses Guimarães (MDB) que tinha como
único objetivo "denunciar a farsa das eleições indiretas".
Nacionalista ferrenho, Barbosa Lima Sobrinho foi, ainda, o escolhido para
assinar, em nome dos brasileiros, o pedido de impeachment do então presidente
da República, Fernando Collor de Melo, em 1992.
Com seus mais de cem anos, é com certeza o cidadão que mais
participou de episódios importantes da vida política do seu País. Por exemplo:
assistiu a passagem de 19 presidentes brasileiros e viveu um espaço de tempo
que corresponde a mais de vinte por cento de toda a História do Brasil.
Como escritor, foi presidente da Academia Brasileira de
Letras (1953-54) e escreveu sobre praticamente tudo: ensaios biográficos,
direito, economia, jornalismo, história, política e outros temas. Casado, três
filhos, mais antigo sócio do Clube de Regatas Flamengo, do Rio de Janeiro
(apesar de torcer pelo Fluminense), sempre foi um adepto dos esportes.
Na adolescência, foi remador, jogador do Náutico do Recife
e fundador do clube de futebol Corinthians Olindense.
Quando completou 102 anos, em 1999, mantinha a rotina
diária de pedalar 400 vezes uma bicicleta ergométrica instalada no seu
apartamento. E afirmava em entrevista à revista Bundas: "Até os sessenta
anos jogava pelada com os meus filhos no quintal de casa, até que levei um
tombo numa bola dividida e resolvi pendurar as chuteiras. Mas todos os dias
ainda dou minhas pedaladas. O tal ócio com dignidade é prejudicial à
saúde".
Sempre bem-humorado, coerente, Barbosa Lima Sobrinho nunca
abriu mão de suas idéias, mesmo em momentos em que elas parecessem totalmente
"fora de moda", tornando-se assim respeitado por representantes das
mais variadas correntes do pensamento.
Constitucionalista, condenou o movimento militar que depôs
o presidente João Goulart. Democrata, lutou pelo fim das medidas arbitrárias
instituídas a partir de 1964, como a censura à imprensa e as eleições
indiretas.
Nacionalista, defendeu a criação da Eletrobrás, opôs-se aos
contratos de risco para exploração do petróleo e condenou a venda de grandes
empresas estatais brasileiras no auge das privatizações. Dizia, citando o caso
do Japão, que "o capital se faz em casa".
Entre os principais livros que publicou estão: "A
verdade sobre a revolução de outubro" (1933), "A Revolução
Praieira" (1949), "A nacionalidade da pessoa jurídica" (1963),
"A auto-determinação e a não-intervenção" (1963), "Presença de
Alberto Torres" (1968), "Japão: o capital se faz em casa"
(1973), "Antologia do Correio Braziliense" (1979), "Desde quando
somos nacionalistas" (1995) e "Hipólito da Costa: pioneiro da
independência do Brasil" (1996).
Quanto ao trabalho para a imprensa, no início de 1999
Barbosa Lima Sobrinho já havia publicado cerca de quatro mil artigos em vários
jornais brasileiros, desde o Diario de Pernambuco, Jornal do Recife e Jornal do
Brasil.
Morreu no Rio de Janeiro, a 16 de julho de 2000, aos 103
anos de idade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário