sábado, 14 de julho de 2012

POESIA


B A S T O S   T I G R E
RECIFE-PE  =  1882 / 1957


A Sorte Do Zeca



No mesmo colégio andamos
Eu e o Zeca - um bom rapaz.
Os mesmos jogos brincamos,
Sempre amigos, sempre em paz;

Zeca tinha muita sorte,
De azar sempre andava eu...
Mas nossa amizade forte
Com isso jamais perdeu.

Mas com o demo! mas com a breca!
Que bruta sorte, a do Zeca!

Juntos, os dois nos formamos
Com a mesma amizade antiga
E ambos apaixonamos
Pela mesma rapariga.

Zeca tinha muita sorte...
Eu sempre fui de um azar!
Foi ela a sua consorte
E eu cá fiquei a chuchar.

Mas com o demo! Mas com a breca!
Que bruta sorte, a do Zeca!

Passam-se anos. Meu amigo
Um belo dia morreu;
Ao seu derradeiro abrigo
Em prantos levei-o eu.

Mas... a morte é sempre a morte;
Com a viúva me fui casar...
Zeca teve muita sorte...
Eu sempre tive um azar!

Mas com o demo! Mas com a breca!
Que bruta sorte, a do Zeca!...

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