GOUVEIA MARINHO
LUIZ TAVARES DE
GOUVEIA MARINHO
GOIANA-PE = 1901
/ 1983
Cantiga De Desterrado
Se eu algum dia
regressar à minha aldeia
para a tristeza
esvanecer no seio amigo,
hei-de curvar-me a
lhe oscular a mesta areia,
que o vento sopra, o
vento leva e traz consigo.
Na verde mata a me
cingir, de aroma cheia,
beberei a água à
fonte clara de que é abrigo,
se eu algum dia
regressar à minha aldeia
para a tristeza
esvanecer no seio amigo.
Rumo aos silêncios
extasiados dessas plagas,
ah, quem me dera sair
daqui, de terra alheia!
Do peito meu hão-de
sarar todas as chagas
que nele abri,
calcando senda estranha e feia,
que nele abri, sempre
a bater cardos e fragas,
se
eu algum dia regressar à minha aldeia.
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