sábado, 21 de julho de 2012

POESIA = Gouveia Marinho


GOUVEIA MARINHO
LUIZ TAVARES DE GOUVEIA MARINHO
GOIANA-PE  =  1901 / 1983



Cantiga De Desterrado




Se eu algum dia regressar à minha aldeia
para a tristeza esvanecer no seio amigo,
hei-de curvar-me a lhe oscular a mesta areia,
que o vento sopra, o vento leva e traz consigo.


Na verde mata a me cingir, de aroma cheia,
beberei a água à fonte clara de que é abrigo,
se eu algum dia regressar à minha aldeia
para a tristeza esvanecer no seio amigo.


Rumo aos silêncios extasiados dessas plagas,
ah, quem me dera sair daqui, de terra alheia!
Do peito meu hão-de sarar todas as chagas


que nele abri, calcando senda estranha e feia,
que nele abri, sempre a bater cardos e fragas,
se eu algum dia regressar à minha aldeia.

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