Theo-Filho (Pernambuco, 1895-1973) é, nos dias de hoje, um escritor esquecido. O nome do autor não chega a ser mencionado por manuais de história literária e, com certeza, não figura nas dissertações e teses dos cursos de pós-graduação em Letras, atualmente. É de se estranhar, num primeiro momento, que Theo-filho tenha sido olvidado, uma vez que suas obras foram um best-sellers, quando publicadas. O escritor também causava estardalhaço por onde transitava, pois era viciado em cocaína, orgias e festas. Ele chocou a sociedade carioca ao aparecer, depois duma viagem à Europa, com o cabelo oxigenado.
Apelidado de “Émile Zola tropical”, Theo-Filho escreveu em plena década de 1920, período em que o movimento modernista estava em sua chamada fase heróica. É de se estranhar, portanto, que o autor tenha escrito com cacoetes naturalistas, durante tanto tempo, e que tenha conseguido um excelente sucesso comercial. Talvez, a chave de seu estrelato literário e também de seu esquecimento tenha sido, justamente, o não-experimentalismo que fora empreendido por boa parte dos modernistas. A narrativa do escritor pernambucano seguia os moldes tradicionais, porém captava bem o que acontecia na capital fluminense nas décadas de 1920 e 1930.
Sempre achei estranho que, na década de 1920, o cenário literário carioca tenha sofrido um apagão. Indagava-me o porquê de mencionarem, somente, os paulistas. Tudo bem que o RJ não contava mais com seus grandes autores, muitos deles já haviam morrido; todavia, esquecer-se de Theo-Filho foi um erro absurdo da crítica, uma vez que o autor escreveu um romance urbano fluminense com maestria.
Praia de Ipanema (1927) é uma dessas obras que refletem a efervescência da segunda década do século XX. Na trama, narrada em terceira pessoa, tem-se a personagem protagonista, Otto K’ennutchy Guimarães, um rapaz ambicioso que planeja construir em Ipanema um complexo turístico, composto por hotéis de luxo, cassino e balneários. O projeto, intitulado de Ipanema City, é o que desencadeará os maiores conflitos da trama.
Assim, o leitor, ao acompanhar Otto pela capital fluminense, deparar-se-á com personagens inusitadas. Uma delas é Sylvya Martins, uma moça avant-garde que, no início da trama tem um caso amoroso com a personagem central. Outra persona interessante é Paulo Correia. Um traficante de drogas (sim, em plena década de 1920) que trabalha para um grande traficante chinês que mantém uma casa de drogas na cidade. Vale lembrar que, até a segunda metade dos anos 1930, a cocaína, bem como outros entorpecentes eram drogas legalizadas. Porém, os usuários (como nos dias de hoje) não eram vistos pela sociedade com bons olhos. Otto também tem contato com a doce Aglaé Lacerda, uma moça pura que lembra as heroínas românticas alencarianas.
Além de ter um enredo bem amarrado, o livro é leitura obrigatória para aqueles que querem entender um pouco mais sobre a década de 1920 carioca. Ver como a cultura norte-americana já estava se espalhando pelo país, uma vez que as personagens, além de incorporarem ao português gírias calcadas no inglês, falam, a todo momento, da música americana, o Jazz.
Praia de Ipanema foi publicado em 2000, pela editora Dantes. A obra faz parte da chamada “Coleção Babel”. Os outros livros de Theo-Filho, infelizmente, podem ser encontrados, somente, em sebos.
Apelidado de “Émile Zola tropical”, Theo-Filho escreveu em plena década de 1920, período em que o movimento modernista estava em sua chamada fase heróica. É de se estranhar, portanto, que o autor tenha escrito com cacoetes naturalistas, durante tanto tempo, e que tenha conseguido um excelente sucesso comercial. Talvez, a chave de seu estrelato literário e também de seu esquecimento tenha sido, justamente, o não-experimentalismo que fora empreendido por boa parte dos modernistas. A narrativa do escritor pernambucano seguia os moldes tradicionais, porém captava bem o que acontecia na capital fluminense nas décadas de 1920 e 1930.
Sempre achei estranho que, na década de 1920, o cenário literário carioca tenha sofrido um apagão. Indagava-me o porquê de mencionarem, somente, os paulistas. Tudo bem que o RJ não contava mais com seus grandes autores, muitos deles já haviam morrido; todavia, esquecer-se de Theo-Filho foi um erro absurdo da crítica, uma vez que o autor escreveu um romance urbano fluminense com maestria.
Praia de Ipanema (1927) é uma dessas obras que refletem a efervescência da segunda década do século XX. Na trama, narrada em terceira pessoa, tem-se a personagem protagonista, Otto K’ennutchy Guimarães, um rapaz ambicioso que planeja construir em Ipanema um complexo turístico, composto por hotéis de luxo, cassino e balneários. O projeto, intitulado de Ipanema City, é o que desencadeará os maiores conflitos da trama.
Assim, o leitor, ao acompanhar Otto pela capital fluminense, deparar-se-á com personagens inusitadas. Uma delas é Sylvya Martins, uma moça avant-garde que, no início da trama tem um caso amoroso com a personagem central. Outra persona interessante é Paulo Correia. Um traficante de drogas (sim, em plena década de 1920) que trabalha para um grande traficante chinês que mantém uma casa de drogas na cidade. Vale lembrar que, até a segunda metade dos anos 1930, a cocaína, bem como outros entorpecentes eram drogas legalizadas. Porém, os usuários (como nos dias de hoje) não eram vistos pela sociedade com bons olhos. Otto também tem contato com a doce Aglaé Lacerda, uma moça pura que lembra as heroínas românticas alencarianas.
Além de ter um enredo bem amarrado, o livro é leitura obrigatória para aqueles que querem entender um pouco mais sobre a década de 1920 carioca. Ver como a cultura norte-americana já estava se espalhando pelo país, uma vez que as personagens, além de incorporarem ao português gírias calcadas no inglês, falam, a todo momento, da música americana, o Jazz.
Praia de Ipanema foi publicado em 2000, pela editora Dantes. A obra faz parte da chamada “Coleção Babel”. Os outros livros de Theo-Filho, infelizmente, podem ser encontrados, somente, em sebos.
LAÍS AZEVEDO
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