BENEDITO CUNHA MELO
GOIANA-PE = 1911 / 1981
O quadro ficou gravado
Na minha imaginação:
A vela, o morto deitado,
As mãos em cruz, no caixão.
Sobre u’a mesa pequena,
À chama de uma arandela,
Um Cristo, que dava pena,
Morria fitando a vela.
Fora, a noite quase morta...
Ninguém na deserta rua
Um homem, em pé, à porta,
Fumava fitando a lua.
Soluços, de quando em quando,
Na casa triste... Um rumor
De passos... Alguém entrando
Num comprido corredor...
Noite remota, que trago,
Para sempre, hoje... amanhã...
Como uma sombra de lago...
Noite eterna, sem manhã...
E não esqueço a arandela,
O morto... A deserta rua...
O Cristo fitando a vela
E o homem fitando a lua!
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